• Carregando...

Sai da frente que tem veículo novo nas ruas e nos calçadões do Rio de Janeiro. Idosos modernos cada vez mais se rendem às cadeiras de rodas motorizadas em formato de scooter. Segundo o responsável por uma das lojas líderes de mercado na venda de equipamentos médicos e ortopédicos do Rio, Nelson Vechini, de três anos para cá, a procura por esses carrinhos aumentou quase 100%.

Com uma bateria de 40 amperes, a scooter funciona por até oito horas, ou 30 quilômetros sem recarregar. "O carrinho dá conforto e a liberdade de poder se locomover. A procura é tão grande que estou sem pronta entrega. Vendemos em torno de seis carrinhos por mês. Antes eu vendia uns dois ou três", informa Nelson, que cobra em torno de R$ 6 mil pelos modelos nacionais.

Congestionamento

Os velhinhos aproveitam a facilidade de locomoção do carrinho, que chega atingir uma velocidade de 8 km/h, para passear e fazer novos amigos. A vendedora ambulante Avanir Gama, de 60 anos, moradora de Copacabana, na Zona Sul, comprou um desses carrinhos há cinco anos. Ela conta que sempre teve problemas para se locomover, mas com a idade os sintomas se agravaram. Segundo Avanir, existe tanta gente usando cadeiras motorizadas que ela até já enfrentou congestionamento no calçadão.

"Já enfrentei trânsito de cadeirinhas motorizadas. Isso acontece quando duas pessoas se encontram e param para conversar. Tem muita cadeira em Copacabana. Gostaria de colocar uma buzina que falasse ‘sai da frente’", diz Avanir, que alerta para os perigos dos maus motoristas.

"Eu trabalho como vendedora ambulante vendendo bijuterias. Eu piloto direitinho. E ando devagarzinho, desvio das pessoas, mas tem gente que fica dançando na frente. Eu vou para um lado e ela para o outro. Tem um velhinho que costuma passar por mim e que dorme ao volante. Tem uns que pilotam mal e machucam as pessoas. Tem que tomar cuidado."

Outra que ganhou a liberdade depois que adquiriu uma scooter especial foi a aposentada Neide Maia, de 62 anos, moradora de Realengo, Zona Oeste. Torcedora do Fluminense, ela enfeitou o veículo com as cores verde e vermelho e colocou uma buzina com o hino do time de Laranjeiras.

"Tem um monte de emblemas do meu time do coração, que é o tricolor. Na época que comprei minha scooter não existia a opção do verde. Por isso, comprei a amarela com preta. Eu não quis comprar a vermelha e preta (as cores do Flamengo) porque tenho aversão", conta.

Precariedade das calçadas

Indignada, Neide reclama da precariedade das calçadas e do desrespeito que sofre dos motoristas.

"Os carros ficam estacionados em cima dos calçadões. Isso me obriga a andar no meio da rua, que é perigoso e muito difícil. Eu sou xingada pelos motoristas. Eles debocham e mandam eu ir para a calçada. Mas eu não to no meio da rua porque quero, mas é porque não dá para andar na calçada. Isso sem falar na falta de rampa. Fui obrigada a pagar um pedreiro para fazer uma rampa no viaduto de Realengo para que eu pudesse subir e descer na calçada", diz.

Produção nacional

A principal fábrica das cadeiras motorizadas em formato de scooter começou sua produção em 1991, no Rio Grande do Sul. Segundo lojistas consultados pelo G1, os modelos são tão bons quanto os importados.

"O que mais vende é o nacional. É mais seguro. Os importados têm problema de manutenção de peças e reposição. Além de ser mais caro", explica Nelson Vechini, que trabalha em Marechal Hermes, no subúrbio, e na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, e que aproveita para fazer um alerta.

"É proibida a venda desse produto se a loja não for registrada na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O Ministério da Saúde não permite. O consumidor pode ter dores de cabeça se a scooter der problema depois. Ele não vai ter onde reclamar", previne.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]