Apartamentos funcionais são cheios de “gambiarras”| Foto: Gilberto Nascimento/Agência Câmara

A falta de manutenção dos imóveis também faz diminuir o interesse dos parlamentares pelos apartamentos funcionais. Para os que moram nessas residências, não faltam histórias de pequenos acidentes domésticos. "Já me pelei algumas vezes enquanto tomava banho porque o sistema de gás está com defeito e o chuveiro soltou um jato de água fervendo", conta o senador Osmar Dias (PDT-PR).

CARREGANDO :)

"No primeiro apartamento em que morei havia um problema na rede elétrica. Não era possível colocar uma lâmpada de mais de 60 wats, que ela logo queimava. Depois, fui para um na 302. (Norte) Lá, o problema é que a água só esquentava quando queria ", lembra o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).

A maioria dos imóveis está com quase 40 anos de uso sem nunca ter passado por uma reforma estrutural. Não houve uma readequação da rede elétrica e a tubulação ainda é de ferro galvanizado, na maioria dos prédios. A parte de acabamento de armários e da louça dos banheiros também já aparenta o desgaste causado pelo tempo e o mau uso.

Publicidade

Os pequenos ajustes que são feitos pelas administrações dos imóveis do Senado e da Câmara também não ajudam a manter os apartamentos. Não é raro encontrar algumas "gambiarras" para solucionar pequenos problemas. No imóvel do deputado Marcelo Almeida (PMDB-PR), por exemplo, a massa usada para fixar o vidro da janela de um dos quartos há poucos meses já está desgastada. Já no do senador Osmar Dias foi dado um "jeitinho" com alguns pedaços de espuma para acomodar os ar-condicionados na parede.

"Esses apartamentos são como joias da coroa. E são joias que dificilmente vamos nos livrar por conta das características do nosso modelo político. Então é preciso conservá-los. Mas o modelo de gestão desses imóveis torna isso muito complicado", avalia o professor Frederico Flósculo, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília.

"É preciso que haja uma responsabilização de quem causa os danos aos imóveis. Além disso, é preciso fazer uma gestão mais eficiente e flexível para que gere o menor custo possível sem interferir na conservação dos imóveis", diz.

Além de espantar o interesse dos parlamentares, a falta de manutenção também dificulta a ocupação do apartamento por quem optou por um funcional. O deputado Wilson Picler (PDT-PR) – que assumiu o mandato de deputado federal no início deste ano, após Barbosa Neto ser eleito prefeito de Londrina – ficou quatro meses a espera de um apartamento funcional.

Nesta semana foi liberado um imóvel para o deputado, mas ele ainda precisará passar por ajustes para ser ocupado. "Eu resolvi pedir um funcional porque muita gente fica constrangida em ir conversar com você em um quarto de hotel. Então, tendo o apartamento, posso receber as pessoas, sem haver esse constrangimento. Além disso, em hotel tudo é pago. Meu gasto chega a quase R$ 5 mil por mês, mas a Câmara só ressarce R$ 3 mil." (CO)

Publicidade