Qual a posição da Delegacia Rgional do Trabalho (DRT) em relação à criação do salário mínimo regional?
Geraldo Serathiuk (Delegado Regional do Trabalho) - A atitude do governador Roberto Requião em criar e fixar o salário mínimo regional em R$ 437 abre uma oportunidade histórica para a sociedade paranaense discutir as políticas fiscais e de crédito tendo como paradigma a renda dos trabalhadores paranaenses. Já vemos emergir a discussão do impacto que isso trará em cada atividade econômica, em especial nas que não tem organização sindical e, indiretamente, nas que tem níveis salariais baixos e terão que enfrentar negociações coletivas com um salário mínimo de referência para os trabalhadores.
O setor produtivo alega que a criação do teto estadual proposto pelo governo vai causar desemprego e aumento da informalidade. O senhor concorda que há esse risco?
Isso é alarmismo. Tem que se pensar na macroeconomia do estado, como um todo, e não apenas sob a ótica de uma única empresa. O crescimento e a popularização do crédito, tanto para empresários como trabalhadores, injetaram mais de R$ 12 bilhões na economia do Paraná. O crescimento foi ampliado em mais de 50% nos últimos três anos e vai continuar aumentando em razão da mudança da política de crédito de bancos estatais e privados.
Então o senhor acha que não haverá impacto negativo nas contas das empresas?
O impacto do aumento do mínimo na folha de pagamento das empresas não chega a 2,5%. Políticas de diminuição da carga tributária, implementadas pelo governo estadual e federal, inovação tecnológica e de incentivo à ampliação produtiva estão trazendo diminuição de custos para o setor produtivo. Sem contar que os reajustes no salário mínimo nacional, seguro-desemprego, benefícios previdenciários, assistência continuada, bolsas de transferência de renda e o reajuste dado ao funcionalismo estadual garantiram a expansão da renda dos trabalhadores paranaenses, colocando mais de R$ 1,5 bilhão na economia.
De acordo com o projeto de lei, o salário mínimo regional vai valer apenas para trabalhadores que não têm acordos coletivos ou dissídio. O senhor acha que o teto estadual, porém, vai servir de bases para as negociações salariais de outras categorias?
Não tenho nenhuma dúvida. E isso é muito positivo. Costumava-se dizer que o Brasil precisava crescer para dividir o bolo. Como retomamos o crescimento, precisamos agora dividir o bolo, ou seja, distribuir melhor a renda. É preciso melhorar o poder de consumo da população.
O senhor aposta na aprovação do projeto na Assembléia Legislativa?
Também não tenho dúvida. Muitos parlamentares, inclusive da oposição, têm consciência de que precisamos aumentar o poder de compra da população e o efeito positivo que isso vai ter.
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