O senador paranaense Alvaro Dias (PV) afirmou, da tribuna da Casa, nesta segunda-feira (29), que os brasileiros “apelaram por mudança” tendo como ponto “emblemático” o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Ela está no Senado hoje para fazer sua defesa perante os parlamentares durante o julgamento de seu afastamento definitivo. Ele disse ainda que o impedimento está sendo julgado pois houve um “golpe a Constituição do país”.
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Alvaro ressaltou que as manifestações de rua que pediram a saída de Dilma foram “organizadas espontaneamente”, via redes sociais, e guiadas por movimentos populares “que hoje estão aqui presentes”, em referência ao fato de muitos dos convidados da acusação pertencerem a esses grupos.
“[Essas manifestações] não desejam só o impeachment, desejam a troca desse modelo perverso”, disse o senador, enumerando problemas do sistema político que vão de balcão de negócios no Congresso e aparelhamento do Estado por partidos. “Esse é um modelo suprapartidário, que foi clonado e transplantado para muitos estados e municípios”, afirmou.
O senador também questionou várias vezes a definição de “golpe” que tem sido usada para o impeachment pela presidente, seu partido e aliados. “O processo de impeachment é decorrência de golpe a Constituição do país”, disse. “[As pedaladas são] uma afronta ao Congresso do país, vilipendiado pelo Executivo”, seguiu, completando: “crime de responsabilidade, com dolo, pois desde 2012 o TCU [Tribunal de Contas da União] alertava para esse tipo de operação”.
Durante seu discurso, Alvaro Dias pediu para Dilma responder duas perguntas em especial: se ela considerava o processo de impeachment contra Fernando Collor (em 1992) um golpe e se a posse de seu vice, Itamar Franco, como presidente era uma eleição indireta.
“Seu governo fracassou e nos levou a uma crise sem precedentes na história”, finalizou Alvaro Dias.
Em resposta ao senador paranaense, a presidente Dilma afirmou que sua visão de que o processo contra ela é um “golpe” estava esclarecida. “Golpe parlamentar já está amplamente debatido por vários especialistas políticos e especialistas em ciência política”, afirmou. No entanto, ela não adereçou especificamente as perguntas feitas por ele.
Quanto ao argumento de que seu impeachment era em decorrência do pedido das ruas, Dilma disse que sempre respeitou as manifestações populares, mesmo que contra ela. “Nós sempre respeitamos as ruas. Eu sempre disse que preferia a voz rouca das ruas ao silêncio de uma ditadura”, afirmou, para em seguida cutucar Michel Temer (PMDB) sobre a proibição de protestos contra o governo interino em arenas da Olimpíada. Segundo ela, é ingenuidade acreditar que essa medida partiu dos órgãos olímpicos.
“Este é uma tentativa golpe que começa com o senhor Eduardo Cunha fazendo uma chantagem com o meu governo. O que nós não aceitamos (...) Estamos diante de um golpe parlamentar, sim, enquanto não se provar o crime de responsabilidade”, afirmou a presidente afastada.