Imaginemos que a oposição não consiga os 342 votos necessários para derrubar a presidente Dilma Rousseff. Uma eventual vitória da petista, porém, está longe de enterrar o ameaça do impeachment. A aliados e líderes partidários, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adiantou que vai instaurar um novo processo caso o primeiro seja derrotado.
O “plano B” – considerado até mais contundente que o atual – é o pedido de impedimento apresentado nesta semana pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Enquanto isso, o país viverá assombrado pelo impeachment sem fim.
O maior temor da ala pró-impeachment não está na possibilidade de o Palácio do Planalto conseguir os 172 votos que garantiriam o mandato a Dilma, mas na ausência de deputados em número suficiente para minar a oposição. Por isso, Cunha já se prepara para uma sessão arrastada – provavelmente no dia 17 de abril, um domingo −, em que deve anunciar a todo momento o nome dos parlamentares ausentes.
Se a estratégia não surtir efeito e Dilma vencer, tudo aponta para a abertura de um novo processo de impeachment já na semana seguinte. Nesse caso, seria usado o documento da OAB, que engloba as pedaladas fiscais, a delação do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil e a renúncia fiscal à Fifa na Copa de 2014.
Por ora, a ala anti-Dilma trabalha com a certeza do impeachment, numa estimativa de que ela não terá mais do que 140 votos a favor. No entanto, caso a batalha seja perdida, a guerra continuará. Para o deputado Sandro Alex (PPS-PR), ainda que escape do primeiro processo na Câmara, o governo sairá enfraquecido.
“Vitória não significará governabilidade nem o fim dos problemas. O governo está refém do mal feito. Novas denúncias da Lava Jato não pararão de surgir. Eles se livram de um problema e logo aparece outro”, afirma. “Até quando eles conseguirão negociar no balcão de cargos? Haverá mais e mais dissidentes, até chegar o momento em que eles não conseguirão entregar o que prometeram.”
Para o também paranaense João Arruda (PMDB), a única chance de novos processos de impeachment não serem abertos é se o governo conseguir uma votação favorável expressiva, acima de 200 votos. “Do contrário, na semana seguinte a esse primeiro pedido, o Cunha instaura outro processo. E vai ser assim ao longo de todo o ano.”
Nesse cenário de impeachment sem fim, o grande risco prático para o dia a dia da população é de o governo e o Congresso seguirem paralisados. “De fato, há uma paralisia em todos os órgãos. Mas qual o programa da presidente senão sobreviver no governo? A cada dia ela se afunda na própria agonia. Não tem um plano para o país, e isso também contamina o Congresso”, lamenta Sandro Alex.
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Vitória não significará governabilidade nem o fim dos problemas.
Sandro Alex, deputado (PPS-PR).
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