A votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados e a crise política brasileira foram assuntos de destaque nos jornais e sites dos principais veículos de imprensa internacionais neste sábado (16).
TEMPO REAL: Câmara analisa processo de impeachment de Dilma; acompanhe
O jornal americano “The Wall Street Journal” publicou na sua versão impressa a manchete “Líder político que comanda as acusações contra Dilma Rousseff tem suas próprias complicações jurídicas”. A reportagem ressalta que o processo está sendo conduzido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um político acusado de lavagem de dinheiro e de corrupção.
A reportagem conta ainda que Cunha ascendeu a cargos públicos como presidente da Telerj durante o governo do presidente Fernando Collor e que é suspeito de cobrar propinas para contratos de exploração de petróleo e de ter contas na Suíça. Em seu site, o “Wall Street Journal” também dava grande destaque à crise política brasileira, colocando no alto de sua página a reportagem “Rousseff trabalha para influenciar legisladores na véspera do impeachment”.
A publicação relata que Dilma trabalha arduamente nos bastidores na esperança de manter seu cargo e que cancelou uma aparições públicas para receber deputados e governadores em sua residência oficial numa tentativa de angariar votos contra o processo.
Ainda segundo o jornal, Dilma focou nos governadores dos estados do Nordeste do Brasil, prometendo uma atenção às necessidades da região. Para o jornal, a presidente acredita que governadores podem ter mais influência sobre os deputados da base do que os líderes oficiais do partido, após a ruptura de partidos da coalizão do governo.
De acordo com o “Wall Street Journal”, Dilma também descartou planos para um pronunciamento na TV na noite de sexta-feira (15) temendo os panelaços. Em vez disso, ela lançou um vídeo na Internet incitando os eleitores a não apoiar impeachment.
Desilusão
O também americano “The New York Times”, que na sexta publicou reportagem na qual situa como alvos de processos criminais as principais lideranças do processo de impeachment, voltou a tratar a crise política neste sábado com o texto “Antigos defensores de Dilma Rousseff expressam desilusão”. Segundo o jornal, a presidente perdeu apoio até entre eleitores da classe trabalhadora. Para o jornal, a economia em declínio e os escândalos de corrupção têm devastado a popularidade da presidente.
O espanhol “El País” diz que o Brasil vive a catarse coletiva do impeachment de Dilma Rousseff. A publicação lembra que quase 24 anos depois de destituir o presidente Fernando Collor de Mello, o Brasil volta a lançar mão do “instrumento mais radical da sua Constituição”. O jornal também cita que “o controverso presidente da Câmara, Eduardo Cunha, membro da igreja evangélica e acusado de corrupção na Petrobras” começou a maratona do processo e que tudo aponta que a presidente tende a perder. Para o “El País”, Dilma “viverá uma autêntica agonia política” nesses dois dias.
Já o jornal argentino “La Nacion” trouxe na sua versão impressa que a “cresce a tensão pelo impeachment”. Segundo a publicação, “a dramática saga do impeachment de Dilma Rousseff se aproxima do fim”. O texto relata o início do debate histórico que vai decidir se abre ou não o processo contra a “presidente desgastada”. O jornal explica o rito do processo e também relata que Dilma desistiu de fazer um pronunciamento à nação em rede nacional por recomendação do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo. “Cardozo disse que poderia trazer mais problemas legais, uma vez que a mensagem era eminentemente política para um espaço dedicado às questões institucionais”. Em seu site, o “La Nacion” repercutiu o vídeo divulgado pela presidente nas redes sociais: “Dilma Rousseff, poucas horas depois do impeachment: “Eles querem tomar pela força o que não se ganha nas urnas”.
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