A censura imposta há mais de um mês ao jornal O Estado de S. Paulo por uma decisão judicial favorável à família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), já deveria ter sido derrubada, na avaliação da Sociedad Interamericana de Prensa (SIP). Para Ricardo Trotti, coordenador da Comissão de Liberdade de Imprensa e diretor do Instituto de Imprensa da entidade, a Justiça brasileira deveria dar prioridade absoluta ao caso para minimizar os prejuízos à liberdade de expressão e ao direito à informação no país.
"Quando a liberdade de imprensa está em risco, quando está em questão o direito das pessoas de saberem, o Judiciário deveria ser mais rápido, de forma a garantir um direito fundamental da democracia, que é a liberdade de expressão", afirma Trotti.
Desde o fim de julho, o jornal está impedido de publicar reportagens sobre a Operação Boi Barrica da Polícia Federal (PF) que investiga o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado.
Trotti reconhece que decisões judiciais que resultam na aplicação de censura aos meios de comunicação não são exclusividade do Brasil. Ainda assim, ele insiste na tese de que a frequência de casos como o do Estado é maior no País, na comparação com outras nações. De acordo com ele, a relação entre a imprensa e o Judiciário no Brasil deve entrar nas discussões que a SIP planeja fazer em Caracas, em um fórum para discutir a liberdade de imprensa no próximo dia 18. O assunto, diz ele, também deverá aparecer na próxima assembleia da entidade, agendada para o dia 6 de novembro.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e apoiadores reagem a relatório da PF que indiciou 37. Assista ao Entrelinhas
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Otan diz que uso de míssil experimental russo não vai dissuadir apoio à Ucrânia
Deixe sua opinião