Órgãos de imprensa publicaram neste sábado (22) novas denúncias de irregularidades contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, aumentando a pressão para que ele renuncie um dia depois de receber apoio da presidente Dilma Rousseff.
O próprio ministério, controlado pelo PCdoB, partido de Silva, também voltou a ser alvo de acusações.
A edição deste fim de semana da revista Veja, que no último fim de semana publicou acusações do policial militar João Dias Ferreira de que Silva comandaria um esquema de desvio de recursos na pasta que teria o partido como beneficiário, afirmou ter tido acesso a uma gravação de uma reunião entre o policial e assessores de alto escalão da pasta em que eles ajudariam João Dias a burlar a fiscalização do próprio Ministério do Esporte.
De acordo com a revista, durante o encontro realizado em 2008 e gravado pelo PM, Fábio Hansen, então chefe de gabinete da Secretaria de Esporte Educacional, e Charles Rocha, à época chefe de gabinete da secretaria-executiva da pasta, orientam João Dias a elaborar um documento com data alterada e garantem a ele que enviarão à polícia ofício pedindo a desconsideração de documento anterior enviado pela pasta pedindo a investigação de convênio realizado entre a pasta e entidade comandada pelo policial.
João Dias foi uma das cinco pessoas presas no ano passado durante a Operação Shaolin, da polícia de Brasília, que investigou denúncias de desvio de recursos públicos em convênios firmados entre a pasta e organizações não-governamentais no âmbito do programa Segundo Tempo, gerido pelo ministério.
De acordo com Veja, o nome do atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que pertencia ao PCdoB quando comandou o ministério, também aparece na gravação.
O Estado de S. Paulo disse que viu documentos mostrando que a esposa de Silva recebera dinheiro público de uma ONG controlada por filiados ao PCdoB, partido do ministro. De acordo com o jornal, os documentos mostravam que a ONG contratou uma empresa da esposa de Silva e pagou 43.500 reais por trabalhos de pesquisa.
A Folha de S. Paulo publicou que um pastor evangélico fora pressionado por autoridades do Ministério do Esporte a pagar uma propina de 10 por cento ao PCdoB em um projeto público para oferecer esporte a crianças carente. O pastor, David Castro, disse que o projeto foi interrompido porque ele se negou a pagar a propina.
Silva se reuniu com Dilma na sexta-feira por mais de uma hora para se defender das alegações recentes. Dilma disse, em comunicado, que o governo não condenará ninguém sem provas.
Se Dilma retirar seu apoio, Silva poderia se tornar o quinto ministro a renunciar neste ano.
No comando do Ministério do Esporte, Orlando Silva é o principal responsável no governo Dilma pelos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, que serão realizadas no Brasil.
Cinco ministros de Dilma já deixaram seus cargos em meio a denúncias de irregularidades -Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (agricultura) e Pedro Novais (Turismo).