São Paulo (Folhapress) – Duas pontes na terra indígena Raposa Serra do Sol (área de 1,7 milhão de hectares no noroeste de Roraima) foram incendiadas em estradas que dão acesso à aldeia da Maturuca, na região de Uiramutã (334 km de Boa Vista), na madrugada de ontem.

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Na aldeia, ocorrem desde quarta-feira as festividades em comemoração à homologação da reserva, com a presença de representantes da comunidade indígena, de ONGs, da Funai, do Incra e do governo federal. Com o incêndio, parte das cerca de 3 mil pessoas que participam da comemoração ficou isolada. Os ônibus nas quais elas foram transportadas não tinham como transitar pelas pontes danificadas.

A assessoria de comunicação da Funai disse que, na tarde de ontem, uma equipe do 6.º Batalhão de Engenharia e Construção do Exército preparava a colocação de uma ponte móvel para a retirada de ônibus e caminhões do local.

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A passagem de carros e pedestres estava liberada. Até hoje à noite, a saída dos veículos de maior porte deve ser concluída, informou a coordenação da Funai de Roraima.

Ontem o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, e o presidente do Incra, Rolf Hackbart, participaram na aldeia das festividades. Os dois retornaram a Boa Vista, de avião, durante a tarde.

A ação criminosa resultou na destruição parcial das duas pontes, sendo uma delas o principal acesso à aldeia.

O administrador-executivo da Funai de Roraima, Gonçalo Teixeira da Costa, disse que "os atos criminosos foram causados por índios contrários à homologação da terra indígena e que são ligados a arrozeiros que têm fazendas dentro da reserva".

A homologação da reserva, realizada no dia 15 de abril, é motivo de conflito no estado. Arrozeiros que têm fazendas na área, e que terão de ser realocados, e índios que são favoráveis à presença dos produtores na reserva são os dois grupos que se posicionam contrários ao decreto assinado pelo governo federal.

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O vice-presidente da Funai, Roberto Lustosa, disse que índios da aldeia Maturuca relataram ao órgão que um caminhão carregado com galões de combustível foi visto na região em torno da comunidade indígena.

A assessoria de comunicação da Polícia Federal de Roraima afirmou que 65 agentes estão na região da aldeia. Na tarde de ontem, uma equipe de peritos da PF fazia exames de perícia em uma das pontes que tinha sido atingida pelo fogo.