Paulo Roberto Costa disse que as nomeações por indicação política começaram em 2003.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O apoio político para indicação de diretores da Petrobras, com o objetivo de obter retorno financeiro a partidos, começou em 2003, primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A informação foi dada nesta segunda-feira pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em depoimento ao juiz Sergio Moro, ao explicar sobre as indicações para a diretoria e a necessidade de pagamento de propina pelos diretores.

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“Sempre soube que não se chegava à diretoria da Petrobras sem acordo político. Eu sabia que quem entrou em 2003 tinha o apoio do PT e do PMDB”, afirmou.

Sempre teve, não chegava por méritos próprios. Assim funcionava a Petrobras. Os partidos políticos apoiavam visando obter algum retorno financeiro para esses partidos”, disseCosta, acrescetando que, como já disse em outras ocasiões, o sistema funcionava também em outros órgãos do governo.

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Costa afirmou que o ex-diretor da área Internacional Jorge Zelada teve apoio do PMDB para chegar ao cargo e o antecessor dele, Nestor Cerveró, do PMDB e do PT. “Era de conhecimento público que ele [Zelada] teve apoio do PMDB de Minas - disse Costa, acrescentando que o deputado teria o sobrenome Diniz”, ressaltou.

Costa contou ainda que João Augusto Rezende Henriques, que trabalhou por longo tempo na Petrobras e se aposentou, chegou a ir num almoço acompanhando Zelada, onde seriam discutidos projetos futuros da estatal. Segundo um dos delatores da Operação Lava Jato, Hamylton Pinheiro Padilha Junior, Henriques foi o responsável por receber e distribuir a parcela destinada ao PMDB na contratação dfe um navio sonda e negociou diretamente os detalhes do recebimento com Nobu Su, representante da dona do navio, a empresa chinesa TMT.

“Eu era diretor de Abastecimento e ele da área internacional. Fui convidado e sabia que o Zelada ia participar. Henriques foi como “’amigo do Zelada’” , afirmou.

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Propina

O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, também delator da Lava Jato, afirmou que chegou a ter uma espécie de conta corrente de propina com Zelada, que também atuava como operador de algumas poucas empresas. Revelou ainda que Zelada mantinha conta no Safra em Genebra, onde possivelmente movimentava dinheiro de propina. Barusco disse que a agente bancária era a mesma que trabalhava para ele próprio e para o operador de propinas Mário Goes.

A defesa de Zelada protestou em razão da informação de existência de uma conta de Zelada no Safra de Genebra, que surgiu em resposta a perguntas do juiz Sergio Moro. “O juízo faz as perguntas que ele entende pertinentes a a defesa não tem nada a ver com isso”, afirmou Moro.

Barusco confirmou ainda que Zelada recebeu propina na negociação da plataforma P-51 com o estaleiro Keppel Fels.