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Em qualquer mesa de bar que se preze, o assunto sempre aparece. E não é futebol. Além da escalação da seleção brasileira na Copa do Mundo, a escolha do time de políticos que vai compor o Congresso Nacional e os governos estaduais e federal tem levantado calorosos debates. Entre desabafos e protestos diante da crise política, cresce o número de eleitores que defendem a anulação do voto nas eleições de outubro, movimento que preocupa alguns e parece ser a única opção para outros.

O movimento pelo voto nulo ganha espaço, sobretudo, na internet, na forma de correntes de e-mail ou comunidades no Orkut, que já somam mais de 300. O fenômeno concentrado na web pode ser explicado pelo fato de a maioria dos seus seguidores pertencer a uma parcela mais informada da população, como explica a cientista política Alessandra Aldé, do Iuperj.

- A campanha pelo voto nulo surge entre as pessoas mais bem informadas, formadoras de opinião, que estão acompanhando o noticiário com mais atenção e estão se sentindo traídas e decepcionadas pela crise ética.

Apesar de crescer entre o eleitorado mais informado, há muitas dúvidas sobre o voto nulo e seus reais efeitos. Para acabar com alguns mitos, o GLOBO ONLINE preparou um quiz.

'Eleitor pode entregar o ouro ao bandido'

Aldé alerta apenas para os efeitos que a campanha pode ter na eleição para o Congresso. A mesma ressalva é feita pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). Ele lembra que, ao votar nulo, o eleitor pode "entregar o ouro ao bandido".

- O movimento tem boas intenções em termos de protesto. Mas, na verdade, são as pessoas mais conscientes e indignadas que vão votar nulo. Isso significa uma perda muito grande para os deputados que dependem do voto de opinião e facilita a vida daqueles que compram voto. É possível que com esse processo o Congresso piore mais ainda - alerta Gabeira.

"Mas quem é o bandido?", retruca Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial . Durante os shows, Dinho tem questionado o público sobre a crise política e encontra na resposta dos jovens uma insatisfação generalizada.

- Eu vejo uma grande frustração e acho que o voto nulo é uma expressão. Você não está votando em branco e dizendo que qualquer um deles serve. Você está dizendo que nenhum deles serve. Seria bom para a democracia brasileira saber a dimensão da insatisfação. Vamos ver uma fração da população que não é representada por ninguém - afirma Dinho, que defende o voto nulo apenas para as eleições presidenciais.

'Não reclame, vote'

Em contrapartida, surge também entre os jovens movimentos como o "Não Reclame, Vote", uma iniciativa de alunos de história da PUC, que usam o espaço universitário e a internet para pregar uma outra idéia: o voto consciente. João Bettecourt, à frente da campanha, aproveita para alfinetar alguns defensores do voto nulo que nem sequer lembram em que candidatos votaram nas últimas eleições.

- Não adianta a gente ficar sentado só reclamando, a gente tem que fazer alguma coisa, pesquisar em quem está votando, saber qual a história do candidato, onde ele atua. O voto é mais do que chegar lá e apertar uma tecla, pressupõe uma pesquisa antes e uma cobrança posterior na pessoa em quem você votou. o mínimo que você tem que fazer é lembrar em quem votou - afirma Bettecourt.

Para o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio, Marlan Marinho, o movimento pelo voto nulo é uma "campanha lamentável e irresponsável".

- Nós trocamos os políticos é votando contra eles e não anulando o voto ou esperando que a Justiça os casse. Quem tem que cassar e eleger o político é o eleitor, com o seu voto. Agora, nós votamos mal, temos maus governos.

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