O Ministério Público Estadual (MP) solicitou ontem ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) que encaminhe a um juiz de primeiro grau o inquérito envolvendo o ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho. Desde a última sexta-feira, quando renunciou ao mandato na Assembleia, o ex-parlamentar perdeu a prerrogativa de foro privilegiado, que dava a ele o direito de ser julgado em segunda instância, pelo TJ. Na solicitação, o MP reitera que o deputado estava embriagado e dirigia em alta velocidade no momento do acidente que matou dois jovens no dia 7 de maio, em Curitiba.
Segundo o Ministério Público, as investigações feitas até agora apontam para um duplo homicídio com dolo eventual quando o agente assumi o risco de produzir o resultado. O texto enviado ao TJ afirma que ao menos três testemunhas advertiram Carli Filho de que ele não tinha condições de dirigir. "Mesmo assim, foi adiante no seu comportamento de conduzir embriagado. Minutos após, em velocidade absurdamente excessiva (em torno de 150 km/h), geraria o evento trágico, consistente nas mortes das vítimas". O MP diz ainda que um possível julgamento deve ocorrer, de preferência, no Tribunal de Júri quando a sociedade (jurados) decide o futuro do réu.
Até agora, foram ouvidas 26 testemunhas, entre elas as que presenciaram o acidente, policiais e bombeiros que atenderam a ocorrência e pessoas que viram o ex-deputado ingerir bebida alcoólica e deixar um restaurante embriagado pouco antes da colisão.
No MP, as investigações vinham sendo acompanhadas pelos promotores Rodrigo Chemin e Fábio Guaragni. Com a renúncia de Carli Filho, no entanto, o caso deixa a Procuradoria-Geral e passa para a Promotoria de Justiça, que trata de inquéritos de crimes dolosos contra a vida envolvendo investigados que estejam em liberdade. Dessa forma, um novo promotor deverá acompanhar o caso.
O fato do ex-parlamentar ter renunciado altera muito pouco o transcorrer do inquérito e de um possível processo criminal contra ele. A investigação continua sob a responsabilidade do delegado Armando Braga de Moraes, titular da Delegacia de Delitos de Trânsito. Ele tem até o próximo domingo para concluir o inquérito, mas a tendência é que o prazo seja prorrogado por mais 30 dias, para ouvir Carli Filho e fazer a reconstituição do acidente. Depois disso, o processo será remetido ao MP, que denuncia ou não o ex-parlamentar.
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