DEM e PSDB protocolam representação contra Renan

Senadores do Democratas e do PSDB protocolaram na tarde desta terça-feira, na Secretaria-Geral do Senado, uma representação para que seja investigada a denúncia de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), teria comprado um grupo de comunicação em seu estado utilizando laranjas para esconder sua participação nos negócios.

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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), minimizou nesta quarta-feira (8) o inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigá-lo sobre a suposta ajuda que recebeu de um lobista para pagar despesas pessoais. Para Renan, o STF evitará a "mistura" de disputas partidárias, em referência ao processo que sofre no Conselho de Ética do Senado.

"No Supremo vai ter regra, lei, processo legal, contraditório, direito de defesa, coisas que estavam tentando misturar com questões partidárias, o que não pode acontecer", disse.

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O senador também contemporizou a decisão do STF de determinar a abertura de seus sigilos bancário e fiscal. "Não, muito pelo contrário. A primeira coisa que fiz foi abrir mão do meu sigilo", ressaltou.

Renan negou ainda que a terça-feira (7) tenha sido ruim para ele. "Muito pelo contrário. Foi um grande dia", disse Renan. Na terça, o STF pediu a quebra seus sigilos, o Conselho de Ética abriu novo processo para investigar uma possível relação dele com uma cervejaria, e a oposição decidiu entregar um pedido de nova investigação contra Renan, agora para apurar denúncias de que ele teria usado "laranjas" para comprar veículos de comunicação em Alagoas.

O presidente do Senado não quis comentar o bate-boca que teve em plenário na terça com o líder do Democratas, José Agripino (RN). "Não vou falar sobre isso, passou".

Renan disse também que, por enquanto, não recebeu da secretaria-geral a representação entregue pela oposição na terça que pede processo contra ele sobre suas ligações com empresas de comunicação. "Não recebi ainda", disse.

Ao receber o pedido, Renan convoca os membros da Mesa Diretora para uma reunião. O senador costuma ficar de fora de decisões que tratam sobre ele. Essas reuniões costumam ser presididas pelo vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC).

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Se depender do senador Renato Casagrande (PSB-ES), o Conselho de Ética do Senado fará separadamente as novas investigações contra o presidente da Casa. Casagrande é um dos três relatores do processo contra Renan no órgão sobre a suposta ajuda que ele recebeu de um lobista para pagar despesas pessoais.

Segundo ele, a expectativa é de concluir a atual investigação até o fim deste mês. E lembrou que, se Renan for cassado em plenário no começo de setembro, por exemplo, os outros processos perdem qualquer sentido. "A prioridade é concluir a primeira. O caso que estamos investigando está em fase de conclusão. Dependendo da votação que tivermos em plenário, já teremos resolvidos as outras questões", ressaltou.

Na terça-feira (7), a Mesa Diretora autorizou a abertura de um segundo processo contra o presidente do Senado, agora para apurar as relações dele com uma cervejaria. Nesta tarde, a comissão de relatores do primeiro processo e o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), se reúnem para discutir o assunto.

A avaliação de Casagrande é a mesma dos membros da Mesa Diretora: um novo processo deve ser aberto, independente do que já está em curso no Conselho de Ética. "O que vou defender é que tenhamos outro relator e outra investigação. Se incorporarmos mais um, vamos demorar dois, três meses para conclusão. O Senado não pode esperar", afirmou. Na terça, Quintanilha sinalizou que pode seguir a recomendação de Casagrande. "Mas ainda quero ler a representação, seu conteúdo", disse.

Em reportagem no mês passado, a revista "Veja" disse que Renan teria atuado em favor da Schincariol no INSS para impedir a cobrança de uma dívida de R$ 100 milhões. Segundo a reportagem, uma operação possibilitou à família de Renan vender uma fábrica de tubaína em Murici (AL) por R$ 27 milhões para a Schincariol, embora a empresa estivesse com problemas financeiros e não valesse mais do que R$ 10 milhões. Em nota publicada nos jornais em julho, a Schincariol diz repudiar "as ilações que relacionam suas decisões de negócio a questões políticas".

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