Delegado Armando Braga: sem previsão de quando Carli Filho prestará depoimento| Foto: Rodolfo Buhrer/Gazeta do Povo

Assembleia

Vaga de Carli continua sem dono

Segue indefinido também o nome do suplente que ocupará a vaga deixada por Carli Filho. Disputam a cadeira o ex-prefeito de Paranaguá Mario Roque (PMDB) e o advogado Wilson Quinteiro (PSB), de Maringá. A decisão final caberá à procuradoria da Assembleia Legislativa.

O primeiro suplente do PSB, ex-partido de Carli Filho, é Mario Roque, mas ele deixou a legenda em 2007 e se filiou ao PMDB. Ainda assim, o agora peemedebista defende que tem direito à cadeira porque foi eleito pelo PSB. Roque chegou a assumir como deputado estadual durante alguns dias em fevereiro do ano passado, no lugar de Reni Pereira (PSB).

Para a Executiva Estadual do PSB, no entanto, Roque perdeu o direito ao cargo quando mudou de partido. A legenda defende que quem deve substituir Carli Filho é o segundo suplente, Wilson Quinteiro, que continua no PSB.

Questionado pela Assembleia, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) declarou apenas que, de acordo com o resultado da eleição de 2006, Roque é o primeiro suplente e Quinteiro, o segundo.

O TRE informou que a decisão de quem será empossado cabe à Assembleia, mas a instituição já trabalha com a hipótese de o suplente "derrotado" recorrer. (ELG)

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Um mês depois do acidente que provocou a morte de dois jovens – Gilmar Rafael Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20 anos –, o ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho segue incomunicável no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Segundo o delegado Armando Braga de Moraes, que comanda as investigações, não há previsão de quando o ex-parlamentar prestará depoimento. Esse é um dos motivos pelos quais ele pedirá mais 30 dias para concluir o inquérito – o prazo inicial termina hoje.

O estado de saúde do ex-parlamentar impede que a polícia colete seu depoimento. Na escritura pública de renúncia do ex-deputado, datada de 28 de maio, a tabeliã que reconheceu o documento constatou que ele estava com a boca imobilizada, alimentava-se por meio de uma sonda ligada diretamente ao estômago e tinha grampos metálicos da orelha esquerda até a direita.

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De acordo com o delegado, a reconstituição do acidente também segue indefinida, porque só ocorrerá depois que Carli for ouvido. O andamento do inquérito depende ainda dos laudos do Instituto de Criminalística, que não foram concluídos.

Uma das perguntas que continua sem resposta é a velocidade desempenhada pelo Passat dirigido pelo ex-deputado no momento do acidente. Os sete radares da Avenida Monsenhor Ivo Zanlorenzi e da Rua Parigot de Souza – trajeto até o local da batida e região onde fica a casa de Carli – não captaram imagens do carro entre 23 horas do dia 6 de maio e 2 horas do dia 7, intervalo de tempo em que ocorreu o acidente.

Apesar disso, o promotor de Justiça Rodrigo Chemin, que acompanhou as investigações até a renúncia do ex-parlamentar, não tem dúvidas de que Carli dirigia em altíssima velocidade. "Transitar acima da velocidade em ruas da cidade é uma coisa; transitar em velocidade significativamente elevada (próxima, se não superior, a 150 km/h) em via cuja velocidade máxima era de 60 km/h é ir muito além de qualquer razoabilidade", escreveu no documento endereçado ao Tribunal de Justiça, para comunicar seu afastamento do caso.

O que já está comprovado é que Carli dirigia embriagado, com 7,8 decigramas de álcool no sangue – taxas acima de seis decigramas são consideradas crime e podem render prisões em flagrante do motorista. Ele acumulava 130 pontos na carteira, frutos de 30 multas de trânsito nos últimos seis anos, e não podia dirigir desde julho de 2008.

Crime doloso

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A renúncia de Carli foi a primeira na história da Assembleia Legislativa. Antes de renunciar, ele seria julgado em segunda instância, pela Corte Especial do Tribunal de Justiça do Paraná. Ao abrir mão do cargo, perdeu direito ao foro privilegiado e deve ser julgado no Tribunal de Júri – quando a sociedade (jurados) decide o futuro do réu.

Segundo Rodrigo Chemin, as investigações feitas até agora apontam para um duplo homicídio com dolo eventual – quando o agente assumi o risco de produzir o resultado. No texto enviado ao TJ, o promotor afirmou que ao menos três testemunhas advertiram Carli Filho de que ele não tinha condições de dirigir. "Mesmo assim, foi adiante no seu comportamento de conduzir embriagado. Minutos após, geraria o evento trágico, resultando nas mortes das vítimas." É o MP que, após a conclusão do inquérito, denunciará ou não o ex-parlamentar.