Aliados do governo na Câmara dos Deputados resolveram dar uma demonstração concreta de sua insatisfação com o Executivo e devem paralisar a pauta de votações desta quarta-feira, não votando medidas de interesse do Planalto no plenário da Casa, segundo um vice-líder do governo que falou sob condição de anonimato.
Na pauta desta quarta está a medida provisória que coloca o setor de etanol sob regulação da Agência Nacional de Petróleo. Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e promove mudanças na gestão dos Correios.
A insatisfação dos parlamentares aliados é constituída por vários aspectos, entre eles uma operação da Polícia Federal, a falta de liberação de emendas parlamentares do Orçamento deste ano e a reação da presidente Dilma Rousseff de afastar aliados de cargos no governo após as denúncias mos ministérios dos Transportes e Agricultura.
Na terça-feira, 35 pessoas foram presas durante a Operação Voucher da PF, que investiga desvio de recursos no Ministério do Turismo. Entre os detidos estava o secretário-executivo da pasta, Frederico Silva da Costa. As prisões geraram críticas de membros da base, que viram abusos no episódio.
Os líderes dos partidos estavam reunidos com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e o governo procurava convencer membros da base a reverem sua posição e votar nesta quarta.
O próprio líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), no entanto, reconhece as dificuldades de tocar a pauta legislativa de interesse do Executivo.
"Se depender de mim, vai haver votação, mas eu admito que há um clima complicado para votar", disse ele à Reuters. O petista disse ainda que a não liberação de emendas para os aliados "é uma grande tensão" que ele tem enfrentado cotidianamente.
Mas Vaccarezza afirmou que um calendário para os pagamentos está sendo construído com o Planalto.
Há previsão entre os aliados de que as bancadas do PTB, PR, PP e PSC obstruam a pauta de votações nesta quarta-feira, impedindo a apreciação de qualquer matéria.
Os aliados estiveram com a presidente Dilma na manhã desta quarta durante encontro do conselho político --que reúne presidentes e líderes de partidos da base-- mas não comentaram com ela a intenção de impedir as votações nesta quarta.
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