São Paulo - O governo federal vai pagar US$ 22 mil (cerca de R$ 38 mil) de indenização a cada um dos cinco integrantes do Mo­­­vimento dos Sem Terra (MST) que tiveram seus telefones grampeados pela Polícia Militar do Paraná em 1999. O decreto autorizando o pagamento foi assinado na terça-feira pelo presidente Lula.

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A decisão, divulgada ontem no Diário Oficial da União, não coube ao presidente. O decreto cumpre uma sentença expedida no ano passado pela Corte Interamericana dos Direitos Humanos, à qual os representantes legais dos sem-terra recorreram. Segundo aquela corte, eles foram vítimas de violações de direitos humanos.

Em maio de 1999, a PM do Paraná, escudada por uma autorização judicial, grampeou as linhas telefônicas de cooperativas de trabalhadores ligados ao MST. Mais tarde, parte do material da escuta, que durou 49 dias, foi distribuído à imprensa e reproduzido em jornais. De acordo com os trechos divulgados, os cooperados estariam planejando atentados em Loanda, no Noroeste do Paraná onde foi dada a autorização para o grampo.

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Os sem-terra, representados pelas organizações Justiça Global, Comissão Pastoral da Terra e Rede Nacional de Advogados Populares, recorreram à OEA. Constatou-se que a juíza que autorizou a escuta não fundamentou sua decisão, não notificou o Ministério Público e ignorou o fato de que investigações policiais não competem à PM.

O julgamento foi concluído no ano passado. O Brasil foi condenado pelo uso de interceptações telefônicas ilegais, com o objetivo de criminalizar associações de trabalhadores ligados ao MST. O decreto assinado agora segue a decisão, como enfatiza o texto no Diário O ficial, dizendo que se trata de "promover as gestões necessárias ao cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, expedida em julho de 2009".