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Roque Neto: "vamos avaliar" | Roberto Custódio / Arquivo JL
Roque Neto: "vamos avaliar"| Foto: Roberto Custódio / Arquivo JL

Vereador estima em R$ 400 mil por mês o gasto com os cargos

O número de cargos comissionados na administração interina do prefeito Padre Roque Neto (PTB) deve levar a um embate com a oposição na Câmara de Londrina. Para o vereador Joel Garcia (PDT), autor de um pedido de informações sobre o tema, o prefeito interino abusa nas nomeações. "A promessa, quando eu era candidato a presidente da Casa, era utilizar os servidores e não tomar nenhuma medida que causasse impacto no Orçamento da prefeitura", afirma ele.

Tomando como base o levantamento feito pela reportagem, de 73 cargos comissionados ocupados só na administração direta, o Joel Garcia calcula em até R$ 2 milhões o gasto com esses assessores durante a gestão interina, que deve ser encerrada até abril. "Eu acredito que o gasto seja de R$ 400 mil por mês, sem contar a rescisão que será feita em menos de 60 dias", declarou Garcia, lembrando que em breve a cidade terá uma nova eleição (entre os deputados federais Luiz Carlos Hauly e Barbosa Neto) e um novo prefeito. "Poderia ter economizado esse dinheiro."

O secretário municipal de Governo, Tercílio Turini, afirma que Padre Roque teve apenas um fim de semana para montar sua equipe, quando em condições normais um prefeito teria dois meses para executar essa tarefa, com a possibilidade de consultar a sociedade sobre os nomes. "A formação (do governo) foi com os partidos que elegeram (o prefeito interino). Eles indicaram o primeiro e os outros escalões", explica Turini. Na avaliação dele, os partidos dividiram a formação do governo e a responsabilidade sobre a transição.

Turini ainda disse que alguns setores da administração pública não funcionariam sem os cargos comissionados. "O ideal seria fazer a reformulação em vários setores, mas em três ou quatro meses não seria possível." (FS)

Em apenas 50 dias de gestão, o prefeito interino de Londrina, Padre Roque Neto (PTB), já nomeou quase tantos servidores comissionados quanto o ex-prefeito Nedson Micheleti (PT) tinha em sua administração, que durou oito anos. Padre Roque já distribuiu cargos de indicação política a 73 aliados. Nedson tinha 80.

O número de funcionários comissionados de Padre Roque foi levantado pela reportagem em pesquisa feita nas 17 edições do Jornal Oficial do Município publicadas neste ano. O total de nomeados por Nedson consta da edição de 31 de julho de 2008.

Desde o começo da semana passada, a reportagem tentou obter as informações sobre os comissionados na prefeitura, mas nem o Núcleo de Comunicação nem a Secretaria de Governo repassaram os dados. A justificativa foi de que, na próxima quarta-feira, um levantamento será enviado à Câmara Municipal, em resposta ao pedido de informações feito pelo vereador oposicionista Joel Garcia (PDT) sobre o assunto (leia mais no texto abaixo).

Administração indireta

Além dos 73 comissionados na administração direta, a prefeitura de Londrina tem ainda outros servidores em comissão nomeados para a administração indireta. Pelo Jornal Oficial, foi possível verificar que foram designadas pelo menos 18 pessoas para órgãos da administração indireta: nove comissionados no Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), quatro no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), quatro na Fundação de Esportes de Londrina (FEL) e uma na Companhia de Habitação (Cohab). A reportagem não conseguiu levantar o número de comissionados em outros órgãos da administração indireta.

A distribuição de cargos comissionados é um reflexo da coalizão que elegeu Padre Roque para a presidência da Câmara Municipal, em 1º de janeiro. Com essa eleição e como o cargo de prefeito estava vago desde a cassação do vencedor das eleições do ano passado, Antonio Belinati, o vereador Padre Roque assumiu o cargo de prefeito interinamente. As articulações pró-Roque foram lideradas pelos deputados federais Alex Canziani (PTB), André Vargas (PT) e Luiz Carlos Hauly (PSDB) e pelo deputado estadual Luiz Eduardo Cheida (PMDB).

Os nichos de Canziani na administração são principalmente o Instituto de Desenvolvimento de Londrina e a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU). Vargas controla a Cohab, na qual foi mantido no comando Carlos Eduardo Afonseca e Silva – que disputou uma cadeira na Câmara Municipal pelo PT. Hauly tem um aliado na Caixa de Aposentadoria e Pensão dos Servidores Municipais de Londrina. Cheida indicou o secretário de Saúde e o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano.

E pelo menos um representante de partido de oposição foi nomeado na administração: Ulisses Sabino, presidente do PTC. Ele trabalhou em favor da candidatura derrotada da vereadora Sandra Graça (PP) à presidência da Câmara, mas acabou agraciado com um cargo na gestão interina de Londrina.

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