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A quatro dias de completar dois meses, a ocupação policial do conjunto de favelas do Alemão já causou a morte de 48 pessoas e fez 74 feridos. O secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, reconheceu que a intervenção é traumática, mas garantiu que, aos poucos, a comunidade vai ter tranquilidade.

Um pequeno grupo de moradores do Alemão foi à sede da Secretaria, no Centro do Rio, protestar contra a ação policial e apresentou denúncia de que, entre outros mortos e feridos, há gente inocente. Em entrevista à TV Globo e à Rádio CBN Rio, Beltrame disse que a operação no conjunto do Alemão é apenas o começo, mas não quis antecipar para onde se voltarão as atenções do governo do estado daqui para frente.

Os 150 homens da Força Nacional de Segurança continuam ocupando os principais acessos das favelas, revistando suspeitos e mandando parar motos e kombis que descem o morro.

A volta da tranqüilidade

Ao reconhecer que a operação policial foi traumática, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que a presença permanente de policiamento vai, aos poucos, devolver a tranqüilidade aos moradores da região.

"A lição que tem que ser feita e a sociedade deve refletir sobre isso é: que educação é essa? O que é melhor? O que se quer? Mandar filho pro colégio tendo como guarda, como segurança um traficante com um fuzil supervisionando a aula, fazendo a escolta ou protegendo, tendo controle no colégio ou esperar um mês ou dois sem aula e esperar que o Estado venha ali e possa efetivamente como pessoa legítima fornecer segurança?"

Beltrame ainda disse que vai manter policiamento 24 horas nos acessos do conjunto de favelas do Alemão, no subúrbio, e que, futuramente, haverá um novo formato de policiamento no local.

Normalidade no Alemão

A vida dos moradores do Alemão foi de aparente normalidade na tarde desta quinta-feira (28). Embora as escolas tenham permanecido fechadas, deixando mais de cinco mil alunos sem aulas, o comércio abriu as portas e as ruas voltaram a ficar movimentadas.

Na padaria, os clientes voltaram a comprar, assim como na farmácia, os funcionários atenderam normalmente. Equipes de manutenção das empresas de serviços públicos também trabalharam.

Uma escola municipal em Olaria voltou a funcionar. Mas segundo a Secretaria de Educação, sete escolas e uma creche ainda estão fechadas. No colégio estadual onde uma estudante foi ferida nesta quarta por estilhaços de bala, os alunos estão assustados, mas mantiveram a rotina.

Denúncia de excessos

O presidente da comissão de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil - Rio, João Tancredo, esteve na comunidade e disse que havia recebido denúncias de que os policiais cometeram excessos.

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