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Além de derrubar ministros neste ano, as investigações de desvio de recursos públicos em órgãos federais identificaram ao menos 88 servidores públicos, de carreira ou não, suspeitos de envolvimento em ações escusas que acumulam dano potencial de R$ 1,1 bilhão. Esse valor inclui recursos pagos e também dinheiro cuja liberação chegou a ser barrada antes do pagamento. A recuperação do que saiu irregularmente dos cofres públicos ainda dependerá de um longo e penoso processo, até que parte desse di­­nheiro retorne ao erário.

Os desvios foram constatados em investigações da Con­­trola­doria-Geral da União (CGU) e dos cinco ministérios cujos titulares foram exonerados – Trans­por­tes, Agri­­cul­tura, Turismo, Es­­porte e Tra­­balho. Outros dois ministros – da Casa Civil e da Defesa – caíram neste ano, mas não por irregularidades neste governo. Antonio Palocci (Casa Civil) saiu por suspeitas de tráfico de influência antes de virar mi­­nis­­tro, e Nelson Jobim (Defe­sa), após fazer críticas ao governo.

A contabilidade exclui in­­vestigações ainda não encerradas pela Polícia Federal, que apura se houve ou não pagamento de propina a servidores, apontados como facilitadores dos esquemas de corrupção em Brasília e nos braços estaduais dos órgãos federais. Somente nas últimas semanas, a Polícia Federal desmontou três esquemas de corrupção intimamente ligados às denúncias.

No dia 14 de dezembro, por exemplo, 40 agentes cumpriram mandados de busca e apreensão no Instituto ÊPA, uma ONG de Natal, que, comprovadamente, desviou R$ 1 milhão do Ministério do Trabalho, de acordo com a Polícia Federal. Ao todo, o grupo ligado à ONG recebeu R$ 28 milhões, em con­­vênios com pelo menos três órgãos federais.

Governo LulaOs casos apurados em 2011 são fraudes que prosperaram si­­lenciosamente durante o go­­verno Lula, sem que nada fosse feito. Um "autismo" gerencial, de acordo com o cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB).

"A presidente Dilma Rous­seff deu sorte. Como todos os casos envolviam práticas ou ministros que vieram do governo Lula, o ex-presidente ficou com o ônus, e a presidente fi­­cou com o bônus da chamada faxina. Assim, ela também conseguiu espaço para se impor politicamente, mesmo sem ter ligação estreita com nenhum dos grupos políticos que compõem o atual governo", disse Barreto.

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