O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, falou nesta sexta-feira sobre as investigações da Aeronáutica acerca da pane no sistema de comunicação do Cindacta 1, que deve descartar a hipótese levantada inicialmente de sabotagem. Os investigadores trabalham com a tese de que o problema tenha sido provocado pela falha de um dos responsáveis do sistema.
- Pela informação que tenho, a hipótese de sabotagem está sendo substituída pela hipótese de erro humano - disse Bastos, depois de participar da solenidade de formatura de delegados, peritos, escrivães e agentes da PF, na Academia Nacional de Polícia, em Brasília.
O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, disse que a PF está dando apoio às investigações. A polícia estaria encarregada de fazer a perícia dos equipamentos que apresentaram falha.
- A PF está sendo solicitada e vai colaborar - afirmou Lacerda.
A Aeronáutica já concluiu que a pane na central de rádio do Cindacta de Brasília foi provocada por erro humano. O equipamento principal falhou e, na hora de transferir, as comunicações para o sistema reserva, um técnico encaixou uma peça de forma equivocada. Os investigadores também concluíram que o erro não foi intencional. De acordo com gravações obtidas com exclusividade pelo "Jornal Nacional" , da TV Globo, as falhas na comunicação entre pilotos e controladores de vôo têm sido freqüentes.
Falta de técnico
O ministro da Defesa, Waldir Pires, disse na quinta-feira que o Brasil não tinha técnicos especializados em solucionar o problema que, na terça-feira, interrompeu todas as comunicações entre aviões e torres de controle do Cindacta 1, tornando inoperantes por três horas todos os aeroportos do Sudeste e do Centro-Oeste, causando a maior pane da aviação civil brasileira.
O ministro falou a deputados da comissão extraordinária criada para investigar as causas do caos do tráfego aéreo. O problema de comunicação só pôde ser verificado porque, por casualidade, um técnico francês que trabalha na empresa italiana que fabricou o rádio utilizado pela Aeronáutica, estava em Manaus e foi transferido às pressas para Brasília.
Também na quinta-feira, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, anunciou uma medida para descentralizar o controle aéreo brasileiro, que atualmente é concentrado no Cindacta 1, centro de Brasília, responsável por 80% dos vôos do país. A idéia é equipar os centros do Rio de Janeiro e de São Paulo, que atualmente funcionam apenas como centros de aproximação, o que significa que não têm capacidade para atender vôos de cruzeiros (aqueles acima de 25 mil pés).
A Aeronáutica informou que irá comprar equipamentos e providenciar o treinamento de pessoal para atuar no Rio e em São Paulo, que deverão começar a funcionar como o centro de Brasília dentro de seis a oito meses, segundo Bueno.
No curto prazo, o brigadeiro disse que o Cindacta 1 passará a operar, em dezembro, com sete controladores de vôo a mais. Com isso, o centro que atualmente trabalha com 175 controladores, contará com 182.
- Tudo isso são medidas visando à segurança dos usuários - disse Bueno.
Mais cedo, o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, dissera que o governo estuda a criação de novos quatro centros de controle, que funcionariam como reservas aos atuais quatro Cindactas (Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo). Zuanazzi afirmou ainda que o governo já comprou equipamentos de reserva, iguais aos que falharam na terça-feira, e que eles devem estar completamente instalados até o fim da semana que vem. E, ainda segundo ele, o governo já está providenciando a compra de um novo sistema de rádio para ser instalado em São Paulo, como determinou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma reunião emergencial sobre a crise na terça-feira.
A crise aérea que atinge os principais aeroportos brasileiros fez você mudar de planos nas férias?
STF inicia julgamento que pode ser golpe final contra liberdade de expressão nas redes
Relatório da PF sobre Bolsonaro e militares acirra clima no Congresso; acompanhe o Entrelinhas
O Marco Civil da Internet e o ativismo judicial do STF contra a liberdade de expressão
Plano pós-golpe previa Bolsonaro, Heleno e Braga Netto no comando, aponta PF
Deixe sua opinião