A investigação sobre a facção criminosa responsável pelos ataques a São Paulo vai ultrapassar a divisa do estado. Autoridades paulistas e de mais oito estados vão se reunir em Brasília, no próximo dia 5, a convite da CPI do Tráfico de Armas, para buscar mecanismos que permitam traçar estratégias conjuntas de minar a organização criminosa.

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- Observamos que a atuação do crime organizado vai além de São Paulo e que as ações de investigação estavam desconectadas. O grupo, agora com nove estados, vai trocar informações - diz o deputado Paulo Pimenta, relator da CPI.

Segundo ele, a idéia é criar um sistema mais integrado, que permita ações conjuntas, aproveitando a atuação do Gabinete de Gestão Integrada de Segurança Pública de São Paulo, criado na semana passada.

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Participarão da reunião representantes de estados como Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso. Em todos eles, segundo Pimenta, foram feitas apreensões ligadas à facção criminosa ou foi detectada algum tipo de ação de chefes do crime dentro dos presídios.

O Gabinete de Gestão Integrada anunciou que pretende rastrear as contas bancárias dos criminosos para evitar a lavagem de dinheiro, que financia ataques e novos crimes. É a mesma linha de investigação aberta pela CPI do Tráfico de Armas, que quebrou o sigilo bancário de pelo menos 30 advogados que prestam serviços a chefes da facção. Estes profissionais chamaram a atenção dos deputados pelo excesso de visitas a mais de um dos detentos ligados à facção.

O secretário estadual de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, disse nesta sexta-feira, depois do primeiro encontro dos participantes do Gabinete, que muitas contas bancárias estão sendo identificadas. Segundo ele, são mais de 200 contas operadas.

O ministro Márcio Thomaz Bastos disse que o Gabinete fará um planejamento prático e é um trabalho de integração, planejamento estratégico e uso intensivo da inteligência. Outro encontro de autoridades está marcado para esta quinta-feira.

Apesar da integração, o governador Cláudio Lembo voltou a dizer que presos de São Paulo não irão para o presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Segundo ele, a saída atrapalharia as investigações

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Os atentados do crime organizado começaram em maio em São Paulo. O Ministério Público denunciou 25 integrantes da quadrilha, entre elas a da mulher que transmitiu ordem para os atentados de julho.

Marcos Camacho, o Marcola, principal líder da facção criminosa, está preso na penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Bernardes, em Regime Disciplinas Diferenciado (RDD). O RDD virou polêmica. Promotores do Ministério Público aprovam o regime, enquanto juristas o consideram inconstitucional.