“Deveríamos fazer nossa parte, pois o Paraná é o segundo estado que mais grampeia. Mas não irei atrás das lideranças pedindo a indicação de nomes para a CEI (Comissão Especial de Investigação).”Fabio Camargo, deputado estadual (PTB)| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

A CPI dos Grampos na Câmara dos Deputados, caso seja prorrogada, irá receber mais documentos que comprovam abuso em interceptações telefônicas realizadas no Paraná. A afirmação, do deputado estadual Fabio Camargo (PTB), é uma reação à dificuldade de instalar uma Comissão Especial de Investigação (CEI) de escutas ilegais na Assembleia Legislativa. A CEI foi aprovada há pouco mais de quatro meses, mas até agora os líderes dos partidos não indicaram os membros, o que inviabiliza os trabalhos.

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Em discurso na Assembleia ontem, o deputado voltou a defender a instalação da CEI. "Se não tomarmos uma posição, os desmandos e abusos vão continuar". Reportagem publicada pela Gazeta do Povo na sexta-feira passada mostra que o Paraná aparece como exemplo negativo no relatório da CPI dos Grampos da Câmara dos Deputados. Entre as irregularidades, estão autorizações de interceptações feitas por uma vara cível – só as criminais têm essa prerrogativa – e a liberação de senhas que permitem acesso indiscriminado a informações sigilosas, como o histórico de chamadas e a localização do usuário.

Apesar do esforço, Camargo diz que não vê problemas em fornecer munição para a CPI de Brasília. "Deveríamos fazer nossa parte, pois o Paraná é o segundo estado que mais grampeia. Mas não irei atrás das lideranças pedindo a indicação de nomes para a CEI. Cada um sabe das suas prioridades e responsabilidades", afirmou. "Se for preciso, enviarei os documentos à Câmara", completou.

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Camargo afirmou que possui provas que mostram que várias autoridades estaduais foram grampeadas nos últimos meses. Entre elas estão delegados que atuam em divisões especiais. "Quem determinou o grampo? A pedido de quem? Por quanto tempo? Precisamos saber disso."

Na Assembleia, os deputados não demonstram nenhum interesse em investigar o assunto. As comissões têm prazo de funcionamento de 120 dias, prorrogáveis por mais 120, mas a contagem só começa com o início efetivo dos trabalhos.