A CPI dos Grampos na Câmara dos Deputados, caso seja prorrogada, irá receber mais documentos que comprovam abuso em interceptações telefônicas realizadas no Paraná. A afirmação, do deputado estadual Fabio Camargo (PTB), é uma reação à dificuldade de instalar uma Comissão Especial de Investigação (CEI) de escutas ilegais na Assembleia Legislativa. A CEI foi aprovada há pouco mais de quatro meses, mas até agora os líderes dos partidos não indicaram os membros, o que inviabiliza os trabalhos.
Em discurso na Assembleia ontem, o deputado voltou a defender a instalação da CEI. "Se não tomarmos uma posição, os desmandos e abusos vão continuar". Reportagem publicada pela Gazeta do Povo na sexta-feira passada mostra que o Paraná aparece como exemplo negativo no relatório da CPI dos Grampos da Câmara dos Deputados. Entre as irregularidades, estão autorizações de interceptações feitas por uma vara cível só as criminais têm essa prerrogativa e a liberação de senhas que permitem acesso indiscriminado a informações sigilosas, como o histórico de chamadas e a localização do usuário.
Apesar do esforço, Camargo diz que não vê problemas em fornecer munição para a CPI de Brasília. "Deveríamos fazer nossa parte, pois o Paraná é o segundo estado que mais grampeia. Mas não irei atrás das lideranças pedindo a indicação de nomes para a CEI. Cada um sabe das suas prioridades e responsabilidades", afirmou. "Se for preciso, enviarei os documentos à Câmara", completou.
Camargo afirmou que possui provas que mostram que várias autoridades estaduais foram grampeadas nos últimos meses. Entre elas estão delegados que atuam em divisões especiais. "Quem determinou o grampo? A pedido de quem? Por quanto tempo? Precisamos saber disso."
Na Assembleia, os deputados não demonstram nenhum interesse em investigar o assunto. As comissões têm prazo de funcionamento de 120 dias, prorrogáveis por mais 120, mas a contagem só começa com o início efetivo dos trabalhos.