O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou nesta terça-feira (10) que o delegado da Polícia Federal (PF) que presidiu a Operação Satiagraha, Protógenes Queiroz, "pode ter cometido graves irregularidades". O ministro apontou ainda que as apurações da PF já apontam ilegalidades durante a operação, desencadeada em julho do ano passado.
"As investigações que estão sendo feitas mostram graves irregularidades nos procedimentos do inquérito da Satiagraha", disse. "Enquanto eu estiver no Ministério da Justiça, enquanto o Luiz Fernando [Correa] for diretor-geral [da PF] não tem contemplação com quem age fora da regra, seja policial não seja policial", completou Tarso.
A afirmação foi feita após ele ser questionado sobre a gravidade das novas denúncias publicadas na última edição da revista "Veja", que traz reportagem de capa sobre um esquema de espionagem que teria sido montado pelo delegado Protógenes Queiroz. Ele teria investigado ilegalmente a vida de autoridades.
O ministro, no entanto, ressaltou que não pode afirmar que Protógenes seja "culpado", pois, segundo ele, somente a Justiça poderá condená-lo. "Do ponto de vista do Ministério da Justiça, a única coisa que temos a dizer é que qualquer policial de qualquer hierarquia que for suspeito de tomar atitudes que não estão dentro da norma, será investigado e, se for o caso, processado", garantiu.
De acordo com o ministro, mesmo criticado, o governo acertou quando tomou a iniciativa de afastar Protógenes do comando da Satiagraha. "Quando nós apoiamos essa medida da Direção-Geral [da PF] de fazer uma investigação passaram-se rumores de que nós estávamos tomando a medida para não investigar a fundo o Daniel Dantas. Está acontecendo exatamente o contrário. O inquérito em relação a Daniel Dantas está cada vez mais profundo, mais técnico, sem espetaculosidade, e esta pessoa [Protógenes] pode ter cometido graves irregularidades", destacou.
Investigação
A PF está investigando o delegado Protógenes Queiroz desde agosto do ano passado, quando surgiram as denúncias de grampos telefônicos ilegais durante a Satiagraha, operação na qual o banqueiro Daniel Dantas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta acabaram presos.
Na segunda-feira (9), o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Correa, afirmou que o relatório da investigação que apura irregularidades na Satiagraha deve sair nos próximos dias.
Também na segunda, Protógenes rebateu em seu blog a reportagem da "Veja". O delegado classificou as informações de "mentirosas" e destacou que a publicação da matéria foi feita de forma "bandida e irresponsável".
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