Defesa
Advogado diz que bicheiro é alvo de "publicidade opressiva"
Folhapress
O novo advogado do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Nabor Bulhões, diz que que está preocupado com a "ampla publicidade opressiva que se desenvolve no caso" e que seu cliente é alvo de "verdadeira campanha".
Bulhões assumiu o caso após o advogado Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, deixar a defesa do empresário.
Cachoeira foi preso em fevereiro, durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que investigou a exploração de jogos ilegais em Goiás e no Distrito Federal. As investigações apontaram relação do grupo de Cachoeira com políticos e agentes públicos.
O advogado afirma que Cachoeira "tem uma atividade empresarial lícita" e que passa por um "pré-julgamento".
Segundo o advogado, mesmo que Cachoeira viesse a admitir em juízo que explora jogos ilegais, isso não configuraria crime. "Ainda que ele viesse admitir que explora jogos, isso seria contravenção e não crime", afirmou. Bulhões disse ter conversado duas vezes com o novo cliente. "Uma pessoa privada de liberdade já fica deprimida, mas ele está absolutamente confiante."
A construtora Delta, investigada na CPI do Cachoeira, entregou ontem ao Ministério Público do Rio de Janeiro o Plano de Recuperação Judicial elaborado pela consultoria Alvares & Marçal. O plano deve incluir a demissão de mais 2 mil funcionários da empresa, cuja dívida está na casa dos R$ 400 milhões. A Delta tinha cerca de 30 mil empregados antes de ter seu nome envolvido em supostos crimes praticados pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira. Atualmente teria 10 mil, número não confimado pela assessoria de imprensa da construtora.
A empresa informou que não vai se pronunciar até que o plano seja publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o que só poderá ocorrer depois do despacho da juiza Maria da Penha Nobre Mauro, responsável pelo caso.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o Ministério Público tem cinco dias para emitir o parecer sobre o plano. Após o parecer, o documento será enviado à juíza, que decidirá se vai homologar ou não a proposta.
Contratos
Segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), órgão do governo que concentra o maior número de contratos com a Delta, a construtora ainda teria a receber por contratos de obras que estão ativos a quantia de R$ 540 milhões.
A Delta foi declarada inidônea pelo governo, ou seja, não pode mais ser contratada por órgãos públicos, mas ainda tem contas a receber por obras em andamento e trabalhos de manutenção.
Seu maior contrato vigente são obras de duplicação, restauração da pista existente, implantação de ruas laterais e melhoramentos na rodovia BR-060, em Goiás, no valor de R$ 221,7 milhões.
A empresa executa obras também de duplicação e restauração da rodovia BR-101, que atravessa 12 estados brasileiros (do RN ao RS), em dois contratos emparceria com a Queiroz Galvão, por valores de R$ 146,7 milhões e R$ 155 milhões. Ambas as obras estão previstas para serem entregues em abril do ano que vem.
A Delta ainda mantém ativos 91 contratos de manutenção com o Dnit, no valor total de R$ 1,7 bilhão, pelos quais já recebeu R$ 1,2 bilhão, segundo dados do órgão. Segundo o Dnit, alguns contratos foram mantidos com a Delta após avaliação de que a recisão ficaria mais cara para o bolso do consumidor.