O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, defendeu nesta terça, em São Paulo, o salário mínimo de R$ 540, mas sugeriu que no segundo semestre o governo firmasse um acordo com as centrais sindicais, que defendem um mínimo de R$ 580.
"É inegável que o aumento do mínimo tem impacto nas contas públicas", afirmou. Contudo, Pochmann disse que o vencimento básico provou ser nos últimos oito anos um importante instrumento para a melhora da renda dos cidadãos com baixo poder aquisitivo. "O mínimo gera também um impacto positivo no consumo e na arrecadação tributária", afirmou.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a elevação de um real do mínimo causa um impacto de R$ 249,3 milhões na folha de benefícios da Previdência Social. Segundo o Dieese, o reajuste do mínimo de R$ 510 para R$ 540 representa uma despesa adicional de R$ 7,48 bilhões à Previdência.
Ainda com base nesses cálculos, é possível estimar que a elevação do mínimo para R$ 580, como querem as centrais, representaria um impacto total de R$ 17,451 bilhões nos cofres do Tesouro. Para o presidente do Ipea, o mais razoável é que no primeiro semestre a remuneração mínima seja de R$ 540, pois daria tempo suficiente para a administração federal verificar a evolução das contas públicas e a dinâmica do Produto Interno Bruto (PIB) nesse período.
Pochmann defendeu que a partir de julho, quando o governo terá uma noção mais ampla da necessidade de ajuste fiscal para todo o ano, "abra-se um espaço de diálogo" com as centrais e parlamentares que querem o mínimo de R$ 580. O presidente do instituto não manifestou a opinião sobre qual poderia ser o novo valor do mínimo que passaria a vigorar na segunda metade do ano. Pochmann participou do Seminário Panorama da Comunicação e das Telecomunicações do Brasil.
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