Direitos humanos
Entidades protestam contra visita
Entidades ligadas a movimentos civis e religiosos vão protestar hoje a amanhã no Rio e em Brasília contra a visita do presidente Mahmoud Ahmadinejad e as violações dos direitos humanos no Irã. Os manifestantes, organizados na recém-criada Frente pela Liberdade no Irã (FLI), pedirão que o governo cobre explicações do presidente iraniano, que será recebido amanhã pelo presidente Lula. "Nós nos manifestamos contra o presidente que nega deliberadamente o Holocausto e prega o fim de Israel. Alguém que nega a história e que não fala de futuro não agrega nada ao Brasil", disse Boris Ber, presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo.
Desde a sua eleição, em 2005, o presidente Mahmoud Ahmadinejad alçou a América Latina à categoria de zona prioritária de sua política externa. Além de visitar três vezes a Venezuela, Ahmadinejad já passou por Equador, Nicarágua e Bolívia, e recebeu em Teerã os presidentes desses quatro países. Contudo, a chegada do iraniano amanhã ao Brasil representa um salto inédito da iniciativa de Teerã para a América Latina, afirmam especialistas.
Até agora, os laços diplomáticos se estreitaram, sobretudo, no plano retórico. A aliança improvável entre bolivarianos, que reivindicam o "socialismo do século 21", e o regime persa, uma teocracia islâmica, foi construída em torno do discurso antiamericano, o qual encontrou ambiente favorável durante o governo Bush.
Ali Pedram, especialista em Irã da Universidade de Durham, na Grã-Bretanha, afirma que é preciso distinguir a promoção de interesses estratégicos de Teerã da "atitude pessoal de Ahmadinejad, que busca uma relação especial com regimes latino-americanos como o de Chávez". O primeiro aspecto seria uma reação ao isolamento internacional e às sanções impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU). "Teerã tem uma política externa pragmática", diz Pedram. Para ele, a ofensiva pessoal de Ahmadinejad, por outro lado, "não vai além do simbolismo político, com ganhos econômicos de curto prazo".
Os ambiciosos investimentos na América Latina anunciados pelo presidente iraniano continuam sendo apenas promessas. "Tem havido certo exagero ao se falar da influência do Irã na região", constata o especialista.
Ahmadinejad ofereceu ao venezuelano Hugo Chávez US$ 4 bilhões em projetos petrolíferos na Bacia do Orinoco. Ao boliviano Evo Morales, prometeu US$ 1,1 bilhão também no setor energético e uma rede de TV estatal do Irã, que deverá transmitir, da Bolívia, notícias em espanhol. O Equador receberia auxílio na construção da represa de Coca-Codo Sinclair e a Nicarágua, cerca de US$ 1 bilhão em sua agricultura, além de um porto de águas profundas.
Flerte brasileiro
Embora o governo Luiz Inácio Lula da Silva tenha manifestado intenção de se aproximar do Irã, o Brasil mantinha inicialmente cautela. Em 2005, por exemplo, o Ministério de Ciências e Tecnologia recusou-se a participar de um projeto nuclear na Venezuela ao saber que o Irã também estaria envolvido na iniciativa. Recentemente, porém, o Itamaraty começou uma política ativa de aproximação com os aiatolás.
Há um ano, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, visitou Teerã acompanhado de 30 empresários. Diante dos graves indícios de fraude na vitória eleitoral de Ahmadinejad, em junho, Lula qualificou os protestos de milhões de opositores iranianos de "choro de perdedor, uma coisa entre flamenguistas e vascaínos". Pouco antes, Ahmadinejad cancelara a visita que faria a Brasília. Em setembro, durante a sessão de abertura da Assembleia-Geral da ONU, Lula se reuniu com Ahmadinejad a portas fechadas.
Ao desembarcar em Brasília, Ahmadinejad consolidará a aproximação com Lula e o Brasil "dará legitimidade às ambições do Irã na região", diz Eli Karmon, estudioso da ação iraniana na América Latina, do Instituto de Contra-Terrorismo de Israel. "O apoio de Lula é muito mais significativo que o de Chávez. É um grande passo."
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