Um clima de desânimo e frustração tomou conta da reunião desta quinta-feira do Conselho de Ética por causa da decisão do plenário da Câmara de absolver os deputados Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP). Irritado, o presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), disse que estava de ressaca e afirmou que os parlamentares estavam votando com base no passado dos acusados, sem analisar os relatórios do Conselho.

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- Me sinto frustrado. A impressão que tenho é que a grande maioria não conhece o processo, vota pela história do parlamentar. Os deputados não analisam o relatório do Conselho de Ética. Os deputados conhecem a vida de cada um e estão votando de acordo com isso, e não com o trabalho do Conselho de Ética - protestou Izar.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) disse que estava havendo um processo de desmoralização do Conselho e que saques no valerioduto e caixa dois não parecem mais passíveis de cassação.

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- O plenário não lê nossos pareceres. Há um processo de desmoralização do Conselho de Ética. Fica claro pela votação de ontem que o saque do valerioduto não é mais passível de cassação. Caixa dois então nem se fala - reclamou.

O deputado afirmou que se sente desrespeitado e desabafou:

- A atitude mais coerente dos deputados que estão rotinizando a rejeitando às indicações do Conselho, que pode acontecer, mas como exceção e não como regra, seria pedir a extinção do conselho e remeter tudo para a CCJ. A gente se sente muito desrespeitado.

Os ânimos estavam tão exaltados que quase foi preciso a intervenção dos seguranças da Casa para evitar um confronto físico. Um pouco antes da reunião do Conselho, o deputado Julio Delgado (PSB-MG) e o petista Fernando Ferro (PE) bateram boca por causa da absolvição.

O clima esquentou até mesmo entre os conselheiros, que não entenderam as explicações de Izar para que a votação do relatório contra o deputado José Mentor (PT-SP) só seja feita na semana que vem. O deputado Julio Delgado (PSB-MG) cobrou uma resposta de Izar, afirmando que o Conselho não pode parar por causa do plenário.

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- Eu quero explicação para não votar isso hoje. Cheguei a ser chamado de dedo-duro e ouvi que o Conselho precisa de férias - disse Delgado, afirmando que o Conselho não pode parar por causa das decisões do plenário.

Irritadíssimo e levantando o tom de voz, Izar disse que não houve adiamento no relatório de Mentor e que a votação estava prevista para o dia 16, e não para esta quinta-feira. O deputado José Carlos Araújo (PL-BA) também cobrou a votação do relatório de Mentor.

- Isso aqui não é Casa de curar ressaca nem muro das lamentações. O que devemos é fazer nosso trabalho e o plenário fazer o papel dele - disse o deputado baiano.

Muitos entenderam que Izar teria mudado de idéia por causa da ressaca provocada pela decisão do plenário de quarta-feira à noite. Mentor deu razão a Izar, dizendo que a votação estava marcada para o dia 16.

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