O senador José Serra (PSDB) emprega em seu gabinete do Senado, como funcionária fantasma, Margrit Dutra Schmidt, irmã de Mirian Dutra Schmidt, conforme informou o blog do jornalista Lauro Jardim, no Globo. Margrit vai diariamente, de manhã e à noite, registrar sua digital na entrada principal do Congresso, a Chapelaria, mas não cumpre expediente. Serra negou que ela seja fantasma e disse que Margrit trabalha de casa, prática vetada no Senado.
Ela é irmã de Mirian, que foi amante do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e disse ter recebido dinheiro no exterior dele por meio de contrato fictício de trabalho com a Brasif S. A. Exportação e Importação.
Margrit foi cedida pela liderança do bloco da oposição para o gabinete de Serra em 30 de março de 2015. Na quinta-feira, portanto quase um ano depois, O Globo entrevistou dez dos 15 funcionários do gabinete de Serra em Brasília. Dos entrevistados, nenhum sabia dizer o que Margrit faz. Alguns sequer sabiam de sua existência.
“Margrit? Você está confundindo. Eu estou com ele desde o começo do mandato. Não tem nenhuma Margrit aqui “, afirmou um funcionário do gabinete.
Margrit está na República Dominicana, conforme a própria confirmou ontem ao Globo:
“Estou na República Dominicana, de banco de horas. A ligação está muito ruim”, disse ela.
O telefonema caiu, e, embora informada sobre o tema da reportagem, Margrit não voltou a atender aos outros telefonemas.
Serra afirma que pediu à liderança da oposição a cessão de Margrit porque “desejava que ela se dedicasse a um projeto na área de educação”:
“Ainda é um projeto sigiloso, peço que você não adiante o que é. Lançarei em breve. Queria alguém que me ajudasse em questões não econômicas. Conheço a Mag há muitos anos. Tenho relações pessoais e intelectuais”, afirmou Serra.
Num primeiro momento da entrevista, Serra afirmou não saber ao certo se Margrit trabalha ou não de casa. Depois, ao ser informado pelo Globo de que os funcionários haviam dito que não a conheciam, Serra disse que “imagina(va)” que Margrit trabalhe de casa. Finalmente, o senador afirmou:
“Ela trabalha (de casa). Meu gabinete tem pouco espaço, não tem sala para todo mundo.”
Margrit não ingressou no Senado por meio do gabinete de Serra. Trabalha no Senado há 15 anos. Em seus anos no Parlamento, a assessora trabalhou no gabinete do ex-senador Arthur Virgílio (PSDB), hoje prefeito de Manaus, e da senadora Lúcia Vânia (PSB-GO), ex-tucana, quase sempre cedida pela liderança do bloco de oposição.
Nunca foi ao Senado trabalhar. A situação se manteve até Alvaro Dias assumir o cargo, em março passado, e decidir demiti-la.
Virgílio afirmou que Margrit era “uma funcionária normal” de seu gabinete. Dias confirmou que a demitiu, mas não quis responder a outras perguntas. “Não seria ético eu falar nisso. Não sou mais do PSDB.”
A senadora Lúcia também não quis comentar.
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