O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse nesta terça-feira que espera receber em dois dias a notícia do fim do bloqueio aeronaval israelense ao Líbano, imposto desde 13 de julho, dia seguinte ao começo da guerra contra o Hezbollah.
A suspensão depende de um acordo que está sendo negociado por França, Itália e Alemanha. Um porta-voz do governo francês disse que o país aceitou "em princípio" o pedido da ONU para o envio de navios franceses à costa libanesa.
Uma fonte política libanesa disse que o governo local preparou uma carta em que pede à ONU que ajude a patrulhar sua costa, mas só vai enviá-la depois que Israel suspender as restrições aéreas em Beirute.
Depois do fim do bloqueio aéreo e do envio da carta, navios franceses e italianos devem ser enviados à região, atendendo às exigências de Israel de que haja vigilância marítima para impedir o Hezbollah de receber armas.
Cinco dias depois disso, Israel suspenderia o bloqueio naval, segundo a fonte libanesa. A Alemanha, que ofereceu uma força naval, posteriormente substituiria a França e a Itália na tarefa.
O governo israelense confirmou o plano, mas não os prazos.
- Israel poderá conceder acesso irrestrito ao Líbano quando o Exército libanês, aumentado por forças internacionais, conseguir cumprir o embargo de armas ao Hizbollah - disse Mark Regev, porta-voz da chancelaria.
A resolução 1701 da ONU proíbe o envio de armas ao Hezbollah, mas diz que as forças internacionais só vão patrulhar a costa libanesa e a fronteira do país com a Síria se Beirute solicitar.
- Não quero despertar falsas expectativas, mas espero que nas próximas 48 horas tenhamos algumas notícias construtivas e positivas a respeito disso - afirmou Annan após se reunir com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, em Alexandria.
O Líbano propõe que sua pequena Marinha patrulhe uma faixa de seis milhas de litoral, deixando as outras seis milhas do seu mar territorial sob a vigilância das forças da ONU, segundo a fonte ouvida pela Reuters.
No sul, o Exército libanês entrou na devastada cidade xiita de Bint Jbeil, cenário de alguns dos piores confrontos em 34 dias de guerra entre Israel e o Hezbollah.
- Estamos muito felizes. Ninguém pode substituir o Estado - disse Jamila Shami, 55 anos, que recebeu as tropas agitando uma bandeira libanesa e atirando arroz nos soldados.
O Exército libanês já controla 80% do sul do Líbano, substituindo as tropas israelenses que gradualmente vão deixando o território. Annan disse que a completa desocupação israelense vai ocorrer quando a ONU tiver 5 mil soldados na região, o que deve acontecer dentro de duas semanas.
Na terça-feira, o xeque Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, disse que o grupo vai manter suas armas em locais secretos, mas não vai disparar foguetes contra Israel, exceto como reação a ataques.
"A situação no sul do Líbano vai voltar à estabilidade vista nos últimos seis anos, exceto pelo fato de agora ser o Exército, em vez da resistência, que vai estar no controle, enfrentando as violações israelenses", afirmou ele ao jornal As-Safir.
O Parlamento turco aprovou, como se esperava e apesar dos protestos, o envio de centenas de soldados para a missão da ONU. Muitos turcos temem que o país, islâmico, acabe servindo aos interesses americanos e israelenses e que seus soldados se vejam na situação de alvejar outros muçulmanos.