Nabor Bulhões, advogado da Itália: Lula não poderia reavaliar o pedido de extradição| Foto: Gervásio Baptista/STF

A defesa do governo da Itália entrou ontem com duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a corte casse a decisão do ex-presidente Lula, que negou a extradição do ativista radical Cesare Battisti –determinando, assim, a volta dele ao país. A solicitação foi encaminhada ao relator do caso, ministro Gilmar Mendes.

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Nas ações, os advogados do governo italiano argumentam que, ao optar por manter o italiano no Brasil, Lula descumpriu decisão anterior do STF. Em 2009, por cinco votos a quatro, os ministros revogaram o refúgio concedido a Battisti pelo governo federal, autorizaram a extradição, mas deixaram a palavra final para o presidente.

Para o governo da Itália, o entendimento do STF foi que caberia a Lula apenas decidir quando entregar Battisti, e não reavaliar o pedido de extradição. "O tratado reserva ao presidente o deferimento na entrega. Não qualquer discricionariedade", disse o advogado Nabor Bulhões.

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Carta ao Senado

Battisti, preso em Brasília, encaminhou ontem carta aos senadores alegando ser inocente dos crimes pelos quais foi condenado na Ítália. Por intermédio do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) – que o visitou na penitenciária ontem de manhã, acompanhado de outros parlamentares –, Battisti se colocou à disposição do Senado para apresentar sua versão dos fatos.

"Quero lhes assegurar que nunca provoquei ferimentos ou a morte de qualquer ser humano. Até agora, nunca qualquer autoridade policial ou qualquer juiz me perguntou se eu cometi um assassinato", afirmou o italiano na carta, lida em plenário por Suplicy.

Depois que Suplicy leu a carta, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) o contestou. Lembrou que o italiano é condenado por quatro homicídios na Itália e que não é possível rever a decisão da Justiça italiana. Para ele, o STF autorizou o presidente da Lula a fazer a extradição de Battisti por este ser um ato exclusivo do presidente da República. "Não adianta o senhor Cesare Battisti, depois de fazer o que fez, vir aqui pedir clemência. Como disse o senador Pedro Taques [PDT-MT], daqui a pouco o Bin Laden vai se sentir perseguido, o Brasil abre as portas, e ele vai dizer: ‘Não quero ser julgado nos Estados Unidos, porque lá a minha situação vai ser agravada.’"

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