Em depoimento ao juiz Sergio Moro na manhã desta segunda-feira (6), o executivo da Odebrecht Fernando Sampaio Barbosa disse que o codinome “Italiano” se referia ao ex-ministro Antonio Palocci. Barbosa, que foi arrolado como testemunha de defesa de Marcelo Odebrecht, confirmou a informação ao ser perguntado por Moro durante depoimento em processo da Operação Lava Jato.
“A gente sabia que o ‘Italiano’ era o Palocci”, afirmou Barbosa por meio de vídeoconferência de São Paulo. Moro então retrucou: “A gente sabia... Quem?”. Barbosa respondeu que tinha sido informado por Márcio Faria, ex-diretor da empresa. “Eu sabia. Eu tinha sido informado pelo Márcio Faria.”
Propina para o PT
Nas investigações da Lava Jato, o apelido “Italiano” aparece numa das planilhas apreendidas no setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, mais conhecido como departamento de propina. Para a Lava Jato, todos os recursos movimentados na planilha “Italiano” eram direcionados ao PT e alcançaram R$ 128 milhões entre 2008 e 2013. Em contrapartida ao pagamento de propina a Odebrecht teria ganho contratos para a construção de 21 sondas da Petrobras.
Após a saída de Palocci do Ministério da Fazenda, a função de Palocci teria sido assumida por Guido Mantega, que segundo afirmam os procuradores, aparece nas planilhas da empreiteira como “Pós-Italiano”.
Palocci foi preso em setembro pela Lava Jato.
Defesa de Palocci
Ao fim do depoimento, a defesa de Palocci quis saber novamente como Fernando Barbosa sabia que o ex-ministro era o “Italiano”, uma vez que não o conhece e nunca esteve com ele. “Eu ouvi dizer por colegas da empresa”, disse o executivo.
A defesa de Palocci quis saber ainda se ele conhecia Branislav Kontic, ex-assessor do ministro, que estava presente na audiência e é réu na ação. “O Brani, o senhor conhece?”, perguntou o advogado. “Mão conheço”, disse o executivo.â
Nesse processo, o executivo da Odebrecht é réu na Lava Jato por corrupção ativa. Ele é acusado pelo Ministério Público Federal por supostamente ter oferecido propina ao ex-ministro Antonio Palocci para beneficiar a empreiteira por meio de decisões de governo. De acordo com a investigação, Palocci fez uso do cargo de ministro da Fazenda para influenciar na aprovação de medidas provisórias que concederam benefícios ficais à empreiteira. O ex-ministro nega as acusações.
Dentre as irregularidades apontadas pelo MPF, Odebrecht também teria pago propina a Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, para que a estatal contratasse o estaleiro Enseada Paraguaçu, do qual a empreiteira era uma das proprietárias. Após negar inicialmente as acusações, o empresário mudou sua estratégia de defesa e decidiu fazer acordo de delação premiada.
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