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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (15) que a decisão de conceder asilo político ao ex-ativista italiano Cesare Battisti é uma "questão de soberania" e que as autoridades italianas terão de respeitá-la.

"A decisão brasileira é uma questão de soberania do estado brasileiro. Nós, assumindo uma posição soberana, tomamos posição de entender que essa pessoa poderia ter status de exilado no Brasil", disse o presidente em visita a Ladario (MS), na fronteira com a Bolívia. "É uma decisão do estado. Alguma autoridade italiana pode não gostar, mas tem que respeitar", disse Lula.

Questionado sobre uma declaração do ministro da Defesa italiano, Ignazio Russa, que teria dito que a decisão brasileira pode prejudicar a relação entre os dois países, Lula voltou a falar sobre as "decisões soberanas". "Se a gente aprender a respeitar decisões soberanas de cada país, tudo vai ficar melhor. Acho que não vai ter problema. É uma relação histórica tão forte que não é uma situação de um exilado que vai trazer problemas."

Battisti foi condenado na Itália a prisão perpétua, por quatro homicídios cometidos nos anos 70, quando pertencia a um grupo de extrema esquerda que praticava atos terroristas, e foi preso no Rio de Janeiro em 2007. Os advogados do ativista no Brasil, entre eles o petista Luiz Eduardo Greenhalgh, comemoraram a decisão do ministro.

Lula comentou a decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, anunciada na terça-feira e publicada nesta quinta no "Diário Oficial da União". "O ministro da Justiça entendeu que esse cidadão deveria ficar no Brasil, e tomou a decisão.", afirmou o presidente.

Lula disse que Brasil é um país "generoso" e citou que há outros exemplos de pessoas que pediram asilo político no país e foram atendidas. "Esse cidadão em pauta é acusado de um crime cometido em 1978. Já faz 32 anos. O acusador fez processo de delação premiada. Depois ele tirou novos documentos, é um cidadão que hoje nem existe para provar o que falou", disse o presidente, mencionando a testemunha que acusou Battisti pelos crimes de terrorismo.

Autoridades italianas

Outras autoridades italianas, além de La Russa, criticaram a postura do Brasil. O ministro da Defesa da Itália, Angelino Alfano, em entrevista à emissora "RAI", afirmou que seu governo pensa em enviar uma "instância de reflexão" a Tarso para que reconsidere sua decisão sobre Battisti, detido no Rio de Janeiro em 2007. Ele afirmou que estuda uma maneira de questionar a decisão no STF.

"Estamos frustrados e infelizes com a decisão do governo brasileiro", disse o ministro italiano da Justiça, Angelino Alfano.

O ministério italiano deRelações Exteriores pediu na quarta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "reconsidere" a decisão sobre o asilo político. "A Itália faz um apelo ao presidente do Brasil, Lula da Silva, para que sejam tomadas todas as iniciaticas que possam promover, no quadro da cooperação judiciária internacional na luta contra o terrorismo, uma revisão da decisão judiciária adotada", diz a nota da chancelaria italiana.

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