O ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, reuniu-se na tarde desta terça-feira (11) com a Comissão Nacional da Verdade e comprometeu-se a colaborar com os trabalhos do grupo, que vai investigar a violação de direitos humanos ocorridos no Brasil entre 1946 e 1988.
De acordo com o coordenador da comissão, ministro do STJ Gilson Dipp, entre os fatos a serem investigados com o auxílio do Itamaraty estaria a chamada Operação Condor, parceria das ditaduras do Cone Sul para prender e assassinar opositores esquerdistas.
"Vamos nos debruçar sobre a Operação Condor. O Itamaraty deve ter uma gama de documentos que abordam a relação do Estado brasileiro com regimes ditatoriais de então", afirmou Dipp.
Para o ministro, deve facilitar as investigações o fato de o Ministério das Relações Exteriores não ter destruído qualquer documento referente ao período. Dipp afirmou que o Itamaraty, que já enviou cerca de 4 toneladas de papéis ao Arquivo Nacional, se dispôs a abrir absolutamente todos os documentos para a comissão.
"Isso mostra que temos uma ampla gama de colaborações na busca da verdade histórica que talvez não tenha sido utilizada por nenhuma das comissões pré-existentes", afirmou o ministro.
Dipp também disse que será possível descobrir que embaixadas e consulados brasileiros no exterior contribuíram com a ditadura, vigiando pessoas exiladas, por exemplo. O Itamaraty também deve fazer a ponte entre a Comissão Nacional da Verdade e outros países que detenham documentos referentes à ditadura brasileira.
São Paulo
A Comissão da Verdade também se reuniu nesta terça com o deputado estadual Adriano Diogo (PT), presidente da comissão de direitos humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo, que possui sua própria "comissão da verdade".
O objetivo da reunião foi definir os pontos de cooperação entre as comissões. "São Paulo foi um grande foco da repressão e a ideia é que nós possamos fazer um trabalho conjunto, já que eles já iniciaram os trabalhos e conhecem os meandros, mas ao mesmo tempo necessitam de um apoio da nossa comissão", afirmou Dipp.
Um exemplo de cooperação, segundo o ministro, seria a Comissão Nacional da Verdade convocar uma testemunha a pedido da comissão paulista, que não tem esse poder legalmente.
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