O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), disse nesta sexta-feira que vai montar uma comissão para estudar reformas no regulamento do código de ética e encaminhar sugestões ao presidente da Casa, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
Segundo Izar, depois de um ano de apurações sobre o envolvimento de parlamentares em esquemas ilegais, ficou comprovada a necessidade de alterações na legislação que trata do julgamento de deputados na Câmara.
- Não pode haver voto secreto para julgamento de cassação. Precisamos dar satisfação ao eleitor. O eleitor precisa saber como estamos votando - defendeu o deputado, em entrevista ao programa "Notícias da Manhã", da Rádio Nacional.
Izar afirmou ter "certeza absoluta" de que se não houvesse voto secreto "todos ou quase todos" os parlamentares processados pelo Conselho de Ética teriam sido cassados.
- Então, houve uma injustiça, porque alguns deputados se esconderam atrás do voto secreto. A primeira coisa que precisamos modificar, já para o ano que vem, é o voto aberto nos processos de cassação.
Apesar de apontar a necessidade de mudanças, Izar acredita que os trabalhos tiveram um bom resultado e o Conselho cumpriu sua a missão. Foram analisados 19 processos relacionados ao suposto esquema do mensalão. Quatro deputados renunciaram. Dos 15 processos restantes, 3 foram cassados, 11 absolvidos e ainda resta o caso do deputado José Janene (PP-PR) que deve ir ao plenário.
- Nós sentimos que fizemos um trabalho transparente e democrático e de recuperação da imagem do Poder Legislativo. Infelizmente, o plenário não nos atendeu em muitos casos, mas de qualquer maneira não houve pizza porque os mais importantes foram cassados e os que não foram cassados e achávamos que deveriam ser, nós enviamos os processos ao Ministério Público.
O presidente do Conselho de Ética destacou que o Ministério Público indiciou todos os deputados apontados a partir de provas concretas de participação no esquema envolvendo o empresário Marcos Valério.
- Fiquei impressionado como toda a sociedade acompanhou pelo rádio, pela televisão, pelos jornais e pelos e-mails e cartas que recebemos. Isso proporcionou uma participação da sociedade brasileira no processo político.