O vereador comparou sua decisão à proteção que os pais oferecem aos filhos| Foto: Henry Milléo/ Arquivo Gazeta do Povo

A gravata

O correspondente da Gazeta do Povo em Brasília, André Gonçalves, certa vez, emprestou sua gravata ao ex-presidente paraguaio Fernando Lugo. Na ocasião, Lugo visitava a Câmara Federal e não poderia entrar no plenário sem usar a peça.

CARREGANDO :)

O jaleco do vereador de Curitiba Professor Galdino (PSDB) virou tema de polêmica na Câmara Municipal. O tucano diz estar sendo perseguido por insistir no uso da peça e se negar a seguir a regra do novo regimento interno da Casa, que prevê a obrigatoriedade de terno e gravata para os homens no plenário. Para as mulheres, o regimento é vago. Determina apenas que elas devem se apresentar "formalmente trajadas", não especificando a roupa. Na semana que passou, o vereador recolheu assinaturas dos colegas para propor uma emenda modificativa ao regimento: onde se lê "paletó e gravata", Galdino quer a mesma indefinição dada ao código de vestimenta das mulheres.

"A Câmara está gastando muito tempo e dinheiro com esse tipo de discussão banal. Isso é picuinha de gente que não tem projetos relevantes e resolve pegar no meu pé", queixa-se Galdino. Ele afirma que usa paletó e gravata por baixo do jaleco e propõe um desafio: diz querer ver "essas cigarras que estão cantando agora não usarem sobretudo por cima do terno quando chegar o inverno". "Se paletó e gravata fossem sinônimos de honestidade, o Congresso Nacional seria um convento", diz.

Publicidade

Símbolo

Usar paletó e gravata é hoje o símbolo da formalidade. Tanto que no Congresso Nacional, em Brasília, é proibido entrar sem trajar o duo. A consultora de imagem Aline Dala Valle explica que o uso da vestimenta formal em cerimônias é muito antigo. "A forma como os políticos se vestem hoje começou com Luís XIV [rei francês, a quem é atribuída a frase ‘O Estado sou eu’], que usava um lenço em volta do pescoço. E muito tempo depois, por volta dos anos 30, o duque de Windsor, tio da Rainha Elizabeth II, inventou o nó Windsor e a gravata deixou de ter o nó borboleta para ser usada como a conhecemos hoje", conta.

Aline explica também que o terno representa conservadorismo e, principalmente, respeito, razão pela qual a moda é homogênea a praticamente todos os estadistas do mundo. A exceção, geralmente, fica por conta de Estados não laicos, como alguns países árabes, onde o uso do turbante é ditado pela religião. Também há países que incorporam pequenos elementos culturais ao traje oficial do Ocidente, como barretes e mantas.