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Curitiba – O líder do PP na Câmara, o deputado paranaense José Janene, admitiu ontem a existência de caixa 2 nas contas do partido nas eleições de 2002. A afirmação do deputado, divulgada por sua assessoria, é uma justificativa à descoberta feita pelos integrantes da CPI Mista dos Correios de que seu assessor João Cláudio Genu sacou aproximadamente R$ 1 milhão da agência do Banco Rural de Brasília. De acordo com a assessoria do deputado, os saques já estão constatados e se referem a um dinheiro utilizado para pagar contas de campanhas do partido em 2002 – e não em 2004. Esse dinheiro, segundo Janene, não foi contabilizado na prestação de contas de campanha do partido.

O saque foi identificado pelos membros da CPI na noite de segunda-feira, ao analisar os documentos referentes à quebra do sigilo bancário de empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser o operador do mensalão. Uma análise preliminar dos documentos revelou que vários assessores e parentes de parlamentares fizeram freqüentes saques em dinheiro das contas das agências de publicidade SMP&B e DNA no Banco Rural.

O saque identificado foi feito pelo chefe-de-gabinete de Janene, João Cláudio Carvalho Genu, conhecido como "João Mercedão". De acordo com reportagem publicada na edição de 20 de junho da Revista Época, Genu tem registrados em seu nome um apartamento de luxo, uma casa no setor de mansões Parkway em Brasília e quatro carros, dois deles importados, bens incompatíveis com seu salário de R$ 7.800 mensais.

Segundo a revista, ao comprar a casa, Genu teria quitado em dinheiro uma pendência do antigo dono no valor de R$ 40 mil. Já a compra do apartamento foi registrada em cartório por R$ 250 mil em fevereiro. Hoje, há dois imóveis idênticos à venda no mesmo prédio. Um por R$ 720 mil, outro por R$ 780 mil.

Revista

Na reportagem, a revista diz ainda que o chefe de gabinete de Janene seria o principal executivo do mensalão na bancada do PP, responsável pela "logística" da operação no partido. O dinheiro, segundo a revista, não viria do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, conforme a denúncia do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), mas de um esquema de arrecadação próprio do PP, que contaria com apadrinhados instalados em empresas estatais.

A revista IstoÉ também descreveu Genu como uma espécie de "boy de luxo", a quem caberia trazer o dinheiro do mensalão de São Paulo. À revista, o chefe de gabinete de Janene confirmou que viaja toda segunda-feira para São Paulo. "Mas é para acompanhar Janene, que sofre de miocardite aguda, usa um desfibrilador e vive risco permanente de morte súbita", afirmou à IstoÉ.

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