O deputado José Janene (PP-PR) não depôs nesta quarta-feira no Conselho de Ética, conforme estava marcado. O deputado queria garantias do serviço médico da Câmara de que nada iria acontecer com ele durante a sessão. Como não foi atendido, preferiu não comparecer. A audiência, no entanto, fora pedida pelo próprio parlamentar, depois que o relator do processo, deputado Jairo Carneiro (PFL-BA), anunciou que entregaria o relatório do caso sem ouvi-lo.
Mesmo sem o depoimento de Janene, o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), confirmou para a próxima terça-feira a leitura e votação do relatório de Jairo Carneiro (PFL-BA) sobre o processo de cassação do deputado José Janene (PP-PR).
Carneiro afirmou que pretende terminar nesta quinta-feira seus trabalhos, e manteve os depoimentos das testemunhas de defesa marcados para quinta-feira. São esperados os deputados José Linhares (PP-CE) e Agnaldo Muniz (PP-RO). O relator fez, no entanto, uma ressalva: caso as testemunhas não compareçam, fechará o relatório sem ouvi-los. José Linhares já disse que não falará ao conselho.
- Eu vinculei meu depoimento ao de Janene - argumentou, no início da tarde.
Em nota divulgada à imprensa, Janene afirmou ter comparecido nesta quarta-feira ao Departamento Médico da Câmara (Demed) e feito exames. Os resultados, disse, comprovariam a gravidade de seu estado.
O chefe do Demed, Luiz Henrique Hargreaves, disse, na reunião do Conselho de Ética, que Janene não foi proibido de ir ao órgão. O médico informou, no entanto, que a cardiopatia do parlamentar é grave e o quadro clínico é o mesmo.
- O risco de estresse não é mensurável, depende de cada pessoa - afirmou.
Ex-líder do PP, Janene é acusado de ter recebido R$ 4,1 milhões do esquema de Marcos Valério, por meio de saques feitos por seu assessor João Cláudio Genu.
O parlamentar está de licença médica desde setembro por causa de uma cardiopatia grave e já tentou suspender no Supremo Tribunal Federal (STF) a tramitação do processo contra ele, mas teve o pedido negado. Janene também solicitou à Câmara aposentadoria por invalidez, mas a Mesa Diretora negou o pedido e decidiu continuar o processo por quebra de decoro. O Conselho de Ética informou que vai garantir acompanhamento médico ao deputado durante o depoimento.
Janene é o último parlamentar denunciado pela CPI dos Correios a ser julgado. Da lista de 19 deputados suspeitos de terem se beneficiado dos repasses ilegais do valerioduto, foram cassados os mandatos de apenas três acusados: Roberto Jefferson (PTB-RJ), José Dirceu (PT-SP) e Pedro Corrêa (PP-PE).
O plenário absolveu onze deputados: Sandro Mabel (PL-GO), Pedro Henry (PP-MT), Romeu Queiroz (PTB-MG), Roberto Brant (PFL-MG), Professor Luizinho (PT-SP), João Magno (PT-MG), João Paulo Cunha (PT-SP), Wanderval Santos (PL-SP), José Mentor (PT-SP), Josias Gomes (PT-BA) e Vadão Gomes (PP-SP).
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