Apesar da licença médica e aguardando o resultado de seu pedido de aposentadoria por invalidez, o ex-líder do PP José Janene (PR) continua atuante e tenta influenciar nos rumos do seu processo no Conselho de Ética. O presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), revelou que Janene está pressionando para que seu caso seja suspenso e que os integrantes do órgão sequer ouçam as testemunhas arroladas pela relatora Ângela Guadagnin (PT-SP).
Izar disse que recebeu telefonemas de pessoas ligadas a Janene para que suspenda a oitiva das testemunhas até que a Mesa da Câmara defina sua situação. Janene argumenta que não pode estar exposto pelo Conselho de Ética enquanto seu caso não for resolvido. Izar afirmou que seu destino político não altera o processo, que continuará sendo julgado. Ele disse ainda que, se os advogados de Janene não comparecerem nos depoimentos das testemunhas, ele vai convocar algum parlamentar para atuar em sua defesa:
No conselho, a aposentadoria será tratada como renúncia fora de época.
Izar afirmou que Janene argumenta ainda que não está tendo direito de defesa assegurado, o que o presidente nega. O ex-líder do PP pretende recorrer à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) e também ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar suspender a tramitação de seu processo no Conselho de Ética.
Primeira testemunha será ouvida na quarta-feira
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), fez uma consulta semana passada à CCJ sobre o que fazer com Janene. Ele já disse que pode conceder a aposentadoria, mas quer impedir o ex-deputado de ter o direito de tentar a reeleição.
A primeira testemunha a ser ouvida no caso de Janene será Enivaldo Quadrado, na próxima quarta-feira. Ele é um dos donos da corretora Bônus Banval e foi arrolado como testemunha contra Janene. A empresa está sendo investigada pela CPI dos Correios como uma das que atuou no esquema do mensalão. A próxima testemunha a ser ouvida é João Cláudio Genu, ex-assessor da liderança do PP. Foi Genu quem revelou, em depoimento na Polícia Federal, o envolvimento de Janene e do presidente nacional do partido, deputado Pedro Corrêa (PE), no esquema do valerioduto. O PP teria sido beneficiado com cerca de R$ 4,1 milhões.
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