O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou ao STF (Supremo Tribunal Federal) o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o corretor de valores Lúcio Funaro por suposta participação em um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro relacionado à Caixa Econômica Federal ao menos entre os anos de 2011 e 2015.
Essa é a quarta denúncia oferecida por Janot contra Cunha por envolvimento na Lava Jato. O deputado já é réu em três ações penais no Supremo sob acusação de participação no esquema de corrupção da Petrobras. Funaro foi preso nesta sexta pela Polícia Federal.
Teori, do STF, permite que Cunha vá à Câmara, mas só para se defender de acusações
Leia a matéria completaA denúncia imputa a Cunha crime de corrupção por 15 vezes e lavagem de dinheiro por 318 vezes.
A acusação leva em conta a delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa Fabio Cleto. Ele afirmou em sua delação premiada que teve reuniões semanais com o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante quatro anos para tratar de um esquema de propina envolvendo o FI-FGTS e que o parlamentar embolsou 80% dos recursos desviados.
Os encontros teriam ocorrido no apartamento funcional de Cunha e depois na residência oficial da Presidência da Câmara, quando o peemedebista assumiu o comando da Casa em fevereiro de 2015.
Além dos dois, o esquema envolvia o corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro e seu assessor Alexandre Margotto. Segundo a Procuradoria-Geral da República, “do valor total da propina informada, a divisão era a seguinte: 80% para Eduardo Cunha, 12% para Funaro, 4% para Cleto e 4% para Margotto.”
Cleto afirmou que cobrou vantagem indevida de uma série de empresas que apresentavam projetos no âmbito de sua vice-Presidência.
“Nas reuniões, Cleto, violando dever de sigilo funcional, passava a Eduardo Cunha todos os projetos que estavam em tramitação dentro da área do FI-FGTS e da Carteira Administrada assim como o estágio em que se encontravam. Cleto tinha acesso às informações porque recebia a pauta do que seria levado a votação com duas semanas de antecedência à reunião. Tais fatos deveriam permanecer em sigilo”, escreveu o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
“Eduardo Cunha ou Funaro passavam a Fábio Cleto qual deveria ser a sua posição na votação de cada projeto, se favorável, contrária ou neutra no processo de aprovação. Por vezes, Eduardo Cunha respondia imediatamente, mas em outras situações pesquisava a empresa, entrava em contato com seus representantes e posteriormente dava a ordem a Cleto. Também ocorria de haver pedido de protelação do projeto, por exemplo com pedido de vista. De toda sorte, após aprovadas as operações, Eduardo Cunha ou Funaro confirmavam a Fábio Cleto se havia sido cobrada propina e qual valor. Além dos encontros semanais, Cleto conversava com Eduardo Cunha via Blackberry Messenger (BBM)”, completou.
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