O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um novo inquérito para investigar vínculos entre as contas secretas abertas na Suíça pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o esquema de corrupção na Petrobras. Relatório enviado pelo Ministério Público suíço ao Brasil informa que, diferentemente do que declarou à CPI da Petrobras no início do ano, Cunha tem quatro contas em nomes de empresas offshore em agências do banco Julius Baer.
Pelas investigações dos procuradores suíços, as contas de Cunha e da mulher dele, a jornalista Cláudia Cruz, receberam mais de R$ 22 milhões nos últimos anos. Parte deste dinheiro – aproximadamente R$ 5,3 milhões – teria como origem propinas pagas pelo lobista João Augusto Henriques em retribuição à venda de parte de um campo de petróleo da Companie Beninoise des Hidrocabures Sarl, no Benin, para a Petrobras. A suposta fraude já está sendo investigada pela Operação Lava Jato.
O presidente da Câmara já é alvo de uma outra investigação em tramitação no STF. Em agosto, Janot denunciou Cunha por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de ter recebido do lobista Julio Camargo US$ 5 milhões para facilitar a contratação de dois navios-sonda da Samsung Heavy Industries pela Petrobras – um negócio de US$ 1,2 bilhão. Em depoimento ao Ministério Público, Camargo disse que pagou, ao todo, US$ 40 milhões em propinas.
No caso dos navios-sonda, Cunha será julgado pelo STF. Caberá ao relator do caso, ministro Teori Zavascki, decidir se acolhe a denúncia de Janot. O procurador-geral pede ainda que o presidente da Câmara e os demais acusados de receber suborno devolvam US$ 80 milhões aos cofres públicos. São US$ 40 milhões relativos à propina e mais US$ 40 milhões a título de reparação do dinheiro desviado da Petrobras.
No novo inquérito, será apurado o caso das quatro contas de Cunha que estão em nomes das offshores Orion SP, Netherton Investments Ltd, Triumph SP e Kopek. As empresas teriam sede nas Ilhas Cayman e em Cingapura, entre outros paraísos fiscais. Cunha não declarou as contas à Receita Federal nem à Justiça Eleitoral. No primeiro semestre, ele disse à CPI da Petrobras que não tinha contas bancárias, além daquelas informadas ao Fisco.
Parte do dinheiro da conta da Kopek, que está em nome de Cláudia, foi usado para pagar despesas com dois cartões de crédito internacional, um American Express e outro Corner Card, no valor de US$ 841.731,14 (R$ 3,2 milhões), entre 2008 e o início deste ano. A Kopek foi usada até para pagar US$ 59,7 mil à IMG Academies, academia de Nick Bollettieri, na Flórida. Bollettieri é professor de grandes campões de tênis.
Rastreamento da movimentação financeira de Cunha indica que o lobista João Augusto Henriques, ligado ao PMDB, fez cinco depósitos no valor total de R$ 5,3 milhões entre maio e junho de 2011. A série de depósitos começou menos de um mês depois da venda de 50% dos direitos de exploração do campo de petróleo no Benin do empresário Idalécio de Oliveira para a Petrobras. Os pagamentos foram feitos da Acona Internacional, de João Henriques, para a Orion, de Cunha. O negócio custou US$ 34,5 milhões com a Petrobras.
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