O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta quinta-feira, 3, aos deputados da cúpula do Conselho de Ética que “está acompanhando” as supostas ações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para atrapalhar o trâmite de seu processo de cassação. Segundo os parlamentares, no entanto, não foi tratado na conversa um possível pedido de afastamento de Cunha do cargo.
A declaração foi feita durante uma reunião reservada entre Janot e o presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA). Com duração de cerca de 40 minutos, o encontro contou com a participação também dos dois vice-presidentes do órgão disciplinador da Câmara, Sandro Alex (PPS-PR) e Fausto Pinato (PRB-SP), que também é relator do processo contra Cunha.
“Falamos a ele (Janot) sobre algumas coisas anormais, como o cancelamento da reunião da semana passada”, disse Araújo. “Ele disse que está acompanhando”, completou o presidente do Conselho. “Viemos perguntar qual o limite do Regimento Interno e o uso arbitrário do direito dele”, comentou Sandro Alex.
Araújo afirmou que Janot se dispôs a compartilhar com o Conselho dados sobre as investigações sobre Cunha na Operação Lava Jato. “Inclusive sobre documentos que vieram de fora do Brasil”, disse o presidente do Conselho. “Ele voltou a nos dizer que, por enquanto, foram encontradas quatro contas em nome de Cunha no exterior”, completou Araújo.
O presidente da Câmara é acusado de mentir a seus pares que não tinha contas bancárias fora do País. O relator do caso deu parecer favorável à abertura de processo de cassação do mandato de Cunha. No entanto, o Conselho de Ética ainda não conseguiu deliberar sobre o assunto. A votação deve ocorrer na semana que vem.
Em sua defesa, Cunha insiste que não tem contas, mas sim “trusts”, espécies de fundos dos quais admite ser “usufrutuário em vida” dos recursos ali depositados.
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