O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou em manifestação ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), “sempre se mostrou (...) extremamente agressivo e dado a retaliações a todos aqueles que se colocam em seu caminho a contrariar seus interesses” e que há “robustos elementos” que comprovam o recebimento de propina pelo peemedebista.
Na peça, Janot rejeita os argumentos da defesa de Cunha para paralisar o inquérito e pede que o Supremo aceite a denúncia apresentada em agosto pela PGR (Procuradoria-Geral da República), na qual o peemedebista é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Eduardo Cunha é notificado pela Justiça sobre pedido de afastamento
Leia a matéria completaAo defender a validade da delação premiada do lobista Julio Camargo, Janot classifica Cunha de “extremamente agressivo” e diz que era justificável que o delator tenha omitido o peemedebista, em um primeiro momento, por medo de retaliações. Só posteriormente é que Camargo confirmou ter pagado propina a Cunha.
“O medo demonstrado por Julio Camargo ressai de inúmeros e reiterados comportamentos ilícitos de Eduardo Cunha para a efetividade e garantia de suas atividades ilícitas. Não à toa, por intermédio de terceiros, Eduardo Cunha perseguiu Alberto Youssef, fazendo com que a CPI da Petrobras buscasse o afastamento do sigilo bancário e fiscal de sua esposa e filha, bem como passou a investigar a então advogada de Julio Camargo, Beatriz Catta Preta”, escreveu Janot.
O procurador-geral rebate os argumentos de que a denúncia não teria provas de recebimento de dinheiro por parte de Cunha e que seria genérica.
Para Janot, a denúncia “está baseada em inúmeros e robustos elementos que apontam, de maneira uniforme, para o recebimento de valores por parte de Eduardo Cunha”. Segundo o procurador-geral, entre esses elementos estão depoimentos de três delatores, transferências de recursos para igrejas vinculadas a Cunha, voos pagos como forma de propina e informações de que requerimentos da Câmara foram patrocinados pelo peemedebista para achacar uma empresa que devia propina.
A manifestação da PGR é uma resposta à defesa de Cunha e será usada pelos ministros do Supremo para avaliar se aceitam ou não a abertura de ação penal contra o presidente da Câmara. Ainda não há data para que o recebimento da denúncia seja votado no STF.
A defesa de Cunha nega o recebimento de propina, diz que delatores foram pressionados pela PGR a citar Cunha e sustenta que não há provas de que o dinheiro foi para o peemedebista.