O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta quarta-feira (26), durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que houve um aumento da multa imposta no acordo de colaboração do lobista Julio Camargo porque ele omitiu as acusações de propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
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Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) analisará a recondução de Janot à Procuradoria-Geral da República
Leia a matéria completaA multa estipulada inicialmente para Camargo em seu termo de colaboração é de R$ 40 milhões. Janot não deu detalhes do novo valor.
O procurador não citou nominalmente Camargo, mas se referiu indiretamente a ele ao responder uma pergunta do senador Humberto Costa (PT-PE) sobre mudanças de versão em delações.
“Houve agravamento na pena de multa, foi elevada, e não teve nenhuma outra consequência porque nós nos convencemos de que ele estava realmente em estado de ameaça. Ele não falou porque tinha receio de sua própria vida”, disse Janot.
Cunha acusa a PGR (Procuradoria-Geral da República) de ter pressionado Camargo a mudar seu depoimento para incriminá-lo.
Na justificativa que deu em sua delação, Camargo afirmou que omitiu Cunha porque tinha medo de represálias dele.
Em suas declarações, Janot explicou que não houve rescisão do acordo de colaboração, risco que Camargo corria por ter omitido os fatos, pois a PGR se convenceu de que ele realmente se sentia em risco. Isso porque, segundo Janot, Camargo fazia comentários dizendo “eu temo pela minha vida”.
Janot não deixou claro se considerava que Camargo realmente corria risco de vida ao delatar Cunha ou se apenas consideraram que ele de fato se considerava sob ameaça.
O procurador-geral também afirmou que, se um advogado orientar o cliente a omitir fatos, torna-se participante de um crime. “Se ele orienta o cliente a fazer uma semi-delação ou omitir, falsear, a pessoa que faz isso comete o crime, perde os benefícios da delação, e tenho entendimento que o advogado que assim induziu é co-partícipe desse crime também”, disse.
No comentário, porém, Janot não fez nenhuma citação direta à advogada Beatriz Catta Preta, que cuidou da delação de Julio Camargo. Ela própria, em entrevista ao “Jornal Nacional”, justificou que ele não havia contado o que sabia por ter medo, e também disse se considerar ameaçada.
Janot disse que é “complicado” um advogado participar de várias delações premiadas de um mesmo caso e que cabe ao profissional decidir se não há incompatibilidade entre as defesas dos diferentes clientes.
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