Não foram apenas os anúncios relacionados ao ajuste econômico e fiscal que marcaram a primeira reunião ministerial do ano. A reaparição da presidente, após um período de quase um mês de reclusão, visivelmente mais magra também ganhou destaque. Com um blazer mostarda - o mesmo usado durante um encontro em julho do ano passado com o presidente da Comissão Europeia - e uma calça preta, a forma mais afinada da presidente ficou evidente. A fórmula, dizem, é o Método Ravenna, idealizado pelo psicanalista argentino Máximo Ravenna.
A dieta, que também está sendo seguida também por alguns ministros, é bastante restritiva, com uma ingestão diária de menos de 1.000 calorias e nada de carboidratos. E seguir à risca não é nada fácil. Tanto que no jantar que foi servido após a reunião, a presidente passou longe do bacalhau, do filé de carne bovina e do carré de cordeiro. Para ela foi preparado um cardápio especial.
Os quilos que Dilma ganhou durante a campanha de reeleição, a mais acirrada da história da República, teriam sido o estopim para fechar a boca e começar a dieta, que além de cortar as calorias e as porções de comida, propõe também um acompanhamento psicológico e físico. Num café da manhã servido aos jornalistas no fim de dezembro, no Palácio do Planalto, ela recusou os pães de queijo, croissants recheados, frios, bolos e frutas, e ficou apenas na água. Na ocasião ela chegou a comentar ainda que tem ingerido suco de melancia, por seus poderes diuréticos.
Apesar da perda aparentemente rápida de peso da presidente, a nutricionista Sonja Salles, colaboradora do Conselho de Regional de Nutricionistas do Rio, alerta para o perigo de adotar o método, que como muitas dietas da moda prometem resultados quase milagrosos. "O problema é que ela é muito restritiva em termos calórico. Isso é muito ruim, pois o emagrecimento nos primeiros meses não é tanto de gordura, mas sim de massa muscular e água. Fora isso, com toda a restrição que foi imposta, o corpo tende a recuperar esse peso rápido, como se a pessoa estivesse doente. Uma boa dieta é aquela que o paciente perde gordura e ganha massa muscular", explica a nutricionista.
Mesmo mais magra, na reunião da terça-feira a presidente demonstrou alguma impaciência, além de uma aparência de cansaço. A falta de carboidratos pode ser uma das causas. De acordo com Sonja, o corte do carboidratos deixa o metabolismo mais lento, o que diminui a perda de peso, além de prejudicar a produção de serotonina: "Quando a pessoa perde massa muscular, o metabolismo diminui. Ou seja, se ela antes gastava 100 calorias parada, agora vai perder apenas 60. Isso é muito ruim. Além disso, a pessoa fica com hálito de acetona e extremamente mau humorada, isso porque há uma queda de serotonina.
Para Sonja, a dieta ideal para Dilma seria montada a partir de uma análise dos hábitos alimentares dela para saber o que engorda ela e tentar corrigir, mas sem restrições. "Nosso metabolismo já começa a diminuir com a idade. Isso é muito ruim, ainda mais na idade dela. O ideal é você tentar adaptar o que a pessoa gosta de comer com opções mais saudáveis. Além disso, é importante uma orientação individualizada, pois pelo que eu vejo essa dieta que ela faz é igual para todos, o que não é bom."
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