O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) classificou de "estratégia" o fato de Jair Bolsonaro (PP-RJ) ter recuado da declaração de que seria "promiscuidade" se seu filho se apaixonasse por uma negra, dada ao programa CQC, da TV Bandeirantes. Bolsonaro afirmou não ter entendido a pergunta de Preta Gil, mas Wyllys vê cálculo político na justificativa do colega.
"É preciso desmascarar a tentativa dele de se safar do crime de racismo. É deboche à inteligência das pessoas dizer que ele se confundiu. Não dá pra confundir mulher negra com homossexual, como ele está querendo dizer. Ou ele é demente, ou está debochando", afirmou o deputado do PSOL. Jean é homossexual assumido e milita no movimento gay.
Wyllys afirmou serem naturais as novas declarações de Bolsonaro atacando os homossexuais. Nesta quarta-feira, durante o velório do ex-vice-presidente José Alencar, Bolsonaro afirmou que estava "se lixando" para o movimento gay. "Ele está invocando essa homofobia odiosa porque sabe que a violência contra homossexual goza de mais aceite pela sociedade. Ele sabe que foi traído pela língua e que pode ser cassado pelo racismo, então ele está tentando dizer que é 'só' homofóbico. Ele está com medo e é covarde", disse Wyllys.
O deputado do PSOL lamentou ainda as manifestações favoráveis a Bolsonaro em rede sociais na internet e chegou a comparar a atitude do deputado com a propaganda nazista. "Há precedente na história de essas ideias terem eco na sociedade, porque as pessoas têm ódios adormecidos. Temos sempre que lembrar que parte da Alemanha foi conivente com o Holocausto e com a máquina nazista de assassinar judeus e homossexuais. Temos que lutar contra essas declarações porque isso desperta o que há de pior nas pessoas", disse.