Em depoimento à CPI do Mensalão, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) disse que o esquema de corrupção que assola o país não teve origem no Congresso Nacional e, sim, no Palácio do Planalto. Jefferson repetiu, porém, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é íntegro e inocente e voltou a centrar fogo no deputado José Dirceu (PT), ex-ministro da Casa Civil. Segundo Jefferson, Lula foi surpreendido pelas denúncias porque sempre se preocupou mais em ser chefe de Estado do que de governo, missão que delegou a Dirceu.
- O Lula é um estadista e buscou liderar o sentimento do povo na América do Sul. Ele se dedicou muito mais a ser chefe de estado do que chefe de governo. Nós vivemos, de fato, um parlamentarismo na prática. Ele delegou a administração de governo ao deputado José Dirceu para ser nosso chefe de estado. Ele (Lula) é o nosso 'relações públicas', é festejado em todos os lugares do mundo.
O deputado do PTB prosseguiu:
- É assim que eu vejo o presidente Lula, íntegro e inocente. As coisas vem chegando a ele agora de maneira que o surpreendem.
Sobre a origem do escândalo de corrupção, Jefferson foi claro: a crise não nasceu no Congresso.
- Pode até ter vindo pra cá (Congresso), mas o esquema de corrupção não foi gerado aqui. A matriz da corrupção não está aqui, está do outro lado da rua (Planalto). O Marcos Valério não assaltou os cofres das empresas públicas em contratos milionários de publicidade pelo seu talento pessoal, sozinho. Ah, não foi o Delúbio! Como? Se ele não tinha nenhuma condição de assinar atos no Diário Oficial? - atacou.
Ao ser indagado pelo deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), se daria um cheque em branco a Lula, ele respondeu:
- Eu daria um cheque em branco ao presidente Lula, retribuindo a confiança dele em mim.
Agora, se o cheque em branco fosse para o deputado Dirceu, a resposta foi diferente:
- Não. Em hipótese alguma - disse, às gargalhadas.
Jefferson falou na CPI do Mensalão que confirma tudo o que já afirmou em outras ocasiões sobre as denúncias de compra de votos de deputados da base aliada do governo. O deputado já depôs duas vezes no Conselho de Ética e uma na CPI dos Correios, além de ter dado várias entrevistas à imprensa.
O deputado desferiu ataques pesados contra Valdemar da Costa Neto (PL-SP), que renunciou ao mandato de deputado federal na semana passada e é um dos acusados pelo petebista de receber o mensalão. Jefferson comparou o presidente do PL ao publicitário Duda Mendonça, que gosta de rinhas de galo e já foi preso em flagrante numa delas.
- O Duda Mendonça gosta de rinha de galo. E o Valdemar, na briga de galo, pode ser chamado de galo mutuca. Bastou dona Simone (Vasconcelos, diretora financeira da SMP&B, de Marcos Valério) dizer que ele recebeu R$ 10,8 milhões, que ele botou 10 mil réis no veado e correu - disse.
Jefferson negou que tenha proposto qualquer acordo a Valdemar no Conselho de Ética para livrar o seu mandato e o do presidente do PL. Segundo rumores que correram no Congresso, PTB e PL estariam costurando um "acordão" pelo qual seria retirada do Conselho a representação contra Jefferson, que, em contrapartida, não representaria contra parlamentares do PL.
- Não negociei meu mandato com galo mutuca, com jogador que blefa. Blefar num jogo desse e depois correr da banca? Ele correu, é galo mutuca. Depois de um ato covarde desse, irresponsável, sem fundamento, ele só faz aguçar a crise entre nós.
Jefferson reafirmou que não recuará e que não teme pela perda do mandato.
- Não sei se estou aqui na condição de acusado ou testemunha, isso Vossas Excelências é que vão decidir. Não recuo mais na minha posição. Rompi, passei - disse.
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