Londrina (AE) – O deputado Roberto Jefferson (PDT-RJ) admitiu ontem, pela primeira vez, a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estar envolvido no escândalo do mensalão. Durante entrevista à TV Tarobá, de Cascavel (PR), Jefferson repetiu diversas vezes estar convencido de que Lula é inocente. "Prefiro crer na inocência do presidente", disse ele, mas garantiu que manterá esse julgamento "até que alguém aponte a nudez" de Lula.

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O deputado apontou duas linhas de investigação que poderão revelar o eventual envolvimento do presidente no caso. A primeira, ao comentar o episódio envolvendo Marcos Valério de Souza, José Dirceu, e a Portugal Telecom, que, segundo ele, foi procurada para financiar o PT e o PTB em troca de vantagens junto às estatais Eletronorte e Instituto de Resseguros do Brasil. "Se as pistas forem investigadas com profundidade, poderão levar ao presidente", afirmou, ele, enfatizando em seguida: "po-de-rão".

Para Jefferson, se Marcos Valério se apresentou à empresa portuguesa como "consultor" do presidente Lula foi porque "alguém deu essa credencial a ele".

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A teia de corrupção que está sendo desvenda pela CPI dos Correios está longe de chegar ao fim, alertou Jefferson, apontando para a outra linha de investigação que poderá comprometer o presidente: a extinta Secretaria de Comunicação, que era comandada por Luiz Gushiken. Quando os contratos de publicidade forem investigados, "será um grande escândalo", disse ele, arrematando: "Vocês vão ver aonde vai chegar isso".

O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), que acusou Roberto Jefferson de comandar o esquema de corrupção na estatal, é "boquirroto, falastrão e irresponsável", segundo Jefferson. Serraglio previu, no início dos trabalhos da CPI, a possibilidade - mais tarde ele explicaria tratar-se apenas de "uma hipótese" - de as investigações levarem ao impeachment de Lula.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que integra a CPI dos Correios, disse que o presidente Lula não só sabia como comandava o mensalão, o esquema de propina montado para financiar deputados em troca de apoio a projetos do governo federal. "Além de saber, o presidente comandou todo esse processo", afirmou o senador, segundo o jornal "Diário do Norte do Paraná", de Maringá. Dias esteve anteontem em Maringá. O mensalão, segundo Álvaro, foi idealizado para possibilitar uma longa permanência do PT no poder. "Era um projeto de longo prazo articulado no Palácio do Planalto com a participação efetiva do presidente", acrescentou.