Em depoimento na CPI do Mensalão, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) não conseguiu explicar os saques feitos nas contas de Marcos Valério por petebistas e insistiu na tese de que o partido recebeu apenas R$ 4 milhões, entregues diretamente em sua sede. Ele caiu em contradição sobre este ponto: primeiro disse que ficou com todo o dinheiro, depois disse que o distribuiu entre correligionários.

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As listas de sacadores das contas de Valério indicam retiradas de R$ 2,468 milhões feitas pelo tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri. Há também saques feitos pelo falecido presidente do PTB José Carlos Martinez, no total de R$1 milhão.

Jefferson reconheceu o pagamento a Martinez, mas disse que o dinheiro se destinava a saldar dívidas de campanha - a mesma justificativa usada por todos os beneficiados. O petebista afirmou que a retirada de R$ 2,4 milhões para Emerson Palmieri diz respeito aos R$4 milhões e não se trata de mensalão:

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- O Emerson não sacou no Banco Rural. Recebeu na sede do PTB. Recebemos R$4 milhões em duas malas, uma com R$2,2 milhões e outra com R$1,8 milhão, para pagar despesas do partido. Assumi como pessoa física, com o todo o risco. Assumi o caixa dois. E o que fiz, não vou revelar.

Jefferson reconheceu também saques de R$200 mil feitos por Alexandre Chaves, ex-motorista de Martinez, sem fins eleitorais. Segundo ele, foi um pedido feito a Delúbio, depois da morte do presidente do PTB, para resolver problemas da filha de Alexandre.

Segundo Jefferson, o acordo inicial com o PT, em 2004, previa a entrega de R$20 milhões. O deputado relatou inclusive a reação do ex-presidente do PT José Genoino, que não teria considerado a conta pesada. Mas só R$4 milhões foram recebidos.

Sentado ao lado de Jefferson, o vice-presidente da CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), pôs em xeque a tese do destino do dinheiro.

- Se todos os partidos aliados estabeleceram acordos eleitorais com o PT, por que razão acreditar que era o Delúbio Soares quem estabelecia para onde ia o dinheiro? Valdemar e Correa vão usar para mensalão, já o do Roberto Jefferson é para campanha! - reagiu Pimenta.

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Os governistas não desistiram:

- Se é que existiu o mensalão, o seu PTB está nele até o pescoço. Ou então o que era isso que o PTB recebia do carequinha? - atacou a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), exibindo uma lista de 13 repasses ao partido de Jefferson de 2003 e 2004.

Ao longo do depoimento, Jefferson foi insistentemente perguntado sobre o destino que deu aos R$4 milhões que afirmou ter recebido do PT como parte de um acordo eleitoral em 2004. Ao iniciar o depoimento, ele assegurou que o dinheiro ficara num cofre. Em seguida, pressionado pelo deputado Fernando Coruja (PPS-SC), mudou a versão e disse que distribuiu o dinheiro sem participação da direção partidária, entre "companheiros e candidatos". Mas recusou-se a revelar os beneficiados.

Todo o tempo, Jefferson procurou desvincular o PTB do esquema do mensalão:

- Nosso movimento foi na eleição.

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Em outro momento, quando questionado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), insistiu que recebeu como doação por caixa 2 do PT e só falaria do destino dos R$ 4 milhões quando julgar oportuno.

- Como o senhor não diz o destino do dinheiro, poderíamos então entender que os R$ 4 milhões foram para a compra de votos de um esquema que o senhor chama de mensalão? - perguntara Suplicy.

Jefferson negou e garantiu que o PTB não fez nada com a verba, mas ele, Jefferson, sim. O senador petista pediu, então, que ele dissesse o que havia feito com a quantia milionária, pois, segundo Suplicy, é uma questão que o Brasil inteiro deseja esclarecer.

Não será por meio de Vossa Excelência. Só na oportunidade que eu achar conveniente - respondeu o petebista.

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