A J&F, holding que controla a empresa de alimentos JBS, a de higiene e limpeza Flora, a de papel e celulose Eldorado Brasil e o banco Original, confirmou nesta sexta-feira (1º) a desistência da compra da Delta Construções. Pesou para a decisão a quebra do sigilo fiscal da construtora, feita pela CPI que investiga a ligação de parlamentares com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

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Em entrevista à imprensa, o presidente da holding J&F, Joesley Batista, afirmou que a Delta "tem seus méritos, mas a conjuntura levou à desistência" do negócio. Na noite de quinta-feira (31), Batista admitiu a possibilidade de abandonar o negócio se houvessse risco à sobrevivência da Delta: "Estou muito pensativo: será se a empresa aguenta ficar tanto tempo sob suspeita?", perguntou a interlocutores.

O anúncio de que o grupo J&F assumiria a gestão da empresa foi feito no dia 9 do mês passado. A empresa de construção, do empresário Fernando Cavendish, está no centro do escândalo envolvendo Carlinhos Cachoeira. A intenção do grupo J&F é se manter apenas como gestor e criar uma empreiteira chamada J&C. Posteriormente, ele deve ficar com a parte da Delta (como seus equipamento) e inclui-la no novo empreendimento.

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O negócio entre a J&F e a Delta foi anunciado no último dia 9. O contrato preliminar dava direito à J&F de substituir a estrutura administrativa da Delta, incluindo presidente, diretores e membros do Conselho de Administração. O acordo também previa um rígido processo "de auditoria" nos próximos meses. Somente após os resultados desta diligência seria ou não exercida uma opção de compra.

A Delta é apontada pela Polícia Federal como braço financeiro do esquema de Cachoeira. No último dia 29, a CPI no Congresso que investiga o suposto esquema aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico em todo o país.A Delta é a empresa que mais recebeu verbas do Orçamento do Executivo federal desde 2007.