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O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) tenta tirar do relatório do deputado Cezar Schirmer (PMDB-RS), que recomendou a cassação de seu mandato, a citação a um relatório preliminar do Tribunal de Contas da União (TCU) que cita irregularidades no contrato de publicidade da Câmara, na sua gestão, com uma agência do empresário Marcos Valério. A defesa de João Paulo pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) caso o relator não tire a referência ao relatório do TCU.

A deputada Angela Guadagnin (PT-SP) apresentou questão de ordem pedindo a retirada dessa parte do relatório de Schirmer, alegando que ele não estava no processo e que João Paulo não teve tempo para apresentar sua defesa. Antes, João Paulo e seu advogado, Alberto Toron, reuniram-se com o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), pedindo a retirada da citação ao relatório do TCU, o que atrasou o início da sessão do Conselho de Ética, que só começou por volta das 11h30mA expectativa é que o Conselho aprove o relatório com pelo menos 10 votos. O Conselho tem 14 integrantes, além do presidente Izar que só é obrigado a votar em caso de empate em 7 a 7. O relatório foi lido na semana passada, mas um pedido de vista adiou a votação.

O relator considerou que o petista mentiu sobre o saque de R$50 mil feito por sua mulher, Márcia Milanesi, no Branco Rural, das contas de Marcos Valério; e sobre o recebimento de vantagens do empresário mineiro - uma caneta Montblanc e o pagamento de uma viagem da secretária Silvana Japiassu - enquanto a empresa SMP&B ganhava uma licitação milionária na Câmara em sua gestão.

Durante a leitura do relatório, a confiança do ex-presidente da Câmara se transformou em nervosismo. O texto foi considerado por integrantes do Conselho o mais consistente apresentado até agora e classificado pelos deputados de demolidor e magistral. A certeza de que arrebanhara prestígio como presidente era tanta que João Paulo ligou para aliados pedindo que não requeressem o adiamento da votação, com pedido de vista. Quando viu que a cassação seria aprovada, voltou atrás e deu o sinal verde para que a deputada Ângela Guadagnin pedisse vista do relatório.

Na quarta-feira, serão votados os processos de Pedro Henry (PP-MT), a partir das 16h, e de Pedro Corrêa (PP-PE), a partir das 20h, no plenário da Câmara. Pedro Henry deve ser absolvido e a expectativa é que Corrêa seja cassado. Ainda esta semana, o petista José Mentor (SP) tem chances de ser absolvido no Conselho.

Na tarde desta segunda-feira, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, pediu que o debate sobre voto aberto ou secreto nas sessões de votações seja feito de forma ponderada, pois os dois lados têm prós e contra. Aldo disse que vai pôr o assunto em discussão terça-feira na reunião de líderes. Mas dificilmente a Câmara mudará o voto secreto em processos de cassações já em andamento.

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